Aloisio é um boleiro atípico. Ele gosta de chuteiras coloridas, de cabelo estiloso e rodas grandes no carro, porém o foco é no futuro da família. Sincero, ele admite que não sonha em vestir a camisa da Seleção. O verdadeiro desejo é fazer o pé de meia e ajudar ao máximo os familiares e quem sabe um dia voltar tranquilo para sua terra natal, Araranguá, no sul do Estado.

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Com 24 anos, o artilheiro do Figueirense na temporada com 22 gols amadureceu. Consequência da vontade de vencer e das boa companhias. Diferente de muitos jogadores solteiros que aproveitam baladas, a diversão de Aloisio é sair com os amigos. No Alvinegro, os principais são atletas casados e experientes. Julio, Cesar, Coutinho, João Paulo e Túlio são alguns deles que orientam e ajudam o atacante a nunca desistir.

A força de vontade do jogador é visível. Se na fase boa é fácil perceber a vontade dele em marcar a saída de bola e fazer gols, no momento que as bolas não estão entrando o esforço é maior. A dedicação nos treinos no CFT do Cambirela é elogiada por todos dentro do clube. Se deixar, o Touro Bandido treina todos os dias intensamente. Isso é uma característica dele que é levada para os gramados.

E é com essa luta que Aloisio espera no fim do ano salvar o Figueirense no rebaixamento. Mais um capítulo dessa batalha acontece hoje, no Orlando Scarpelli às 18h30min contra o Palmeiras, um adversário que também se encontra no Z-4.

– Não foi a gente que colocou eles nessa situação. A gente colocou o Figueirense. Estamos jogando com o nosso torcedor e na nossa casa, por isso vamos para cima – disse Aloisio.

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Apesar de deixar claro e afirmar mais de uma vez que seu desejo é tirar o Figueirense da zona de rebaixamento, Aloisio está pronto para voar e ir mais longe. É difícil garantir que no fim do ano ele vai continuar em Florianópolis. Nessa semana, o jogador tirou o passaporte, ainda não se sabe se para uma viagem a lazer ou a trabalho.

– O passaporte é só para ter mesmo – fugiu do assunto o artilheiro.

Rápido nas resposta e em campo. Na força física, Aloisio vai trombando com os zagueiros em busca de gols. Na força metal, Aloisio vai trombando com a vida em busca de seus objetivos, sem esquecer da orientação de quem está perto.

– Não posso esquecer de falar do Chico (Lins). Ele foi um pai para mim desde que cheguei. Ele me deu apoio e colocou para cima, e onde eu for vou ter um carinho enorme por ele – finalizou.

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Aloisio mostra a tatuagem em homenagem a sua mãe. Foto: Caio Marcelo

Entrevista com o artilheiro do Figueirense

DC – Aloisio você está em boa fase e com elas chegam as propostas. Quantas você tem até agora?

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Aloisio – A única proposta que eu tenho é tirar o Figueirense da zona de rebaixamento. Enquanto isso não acontecer não tem porque eu pensar em outras coisas.

DC – O que você acha do trabalho do Márcio Goiano?

Aloisio – Depois que o Hélio saiu a gente torceu muito que o Márcio fosse contratado. E na primeira palestra com ele eu já pude sentir o que os meninos falavam. Ele é um cara humilde, que só na conversar com o grupo ele consegue juntar e animar o pessoal.

DC – Qual é a importância do Lulinha (coach) na confiança do grupo?

Aloisio – Eu sou suspeito de falar do Lulinha. Eu fique muito feliz quando ele voltou. Tanto que o primeiro jogo, que foi contra o Sport, saiu a nossa primeira vitória fora de casa e eu marquei o primeiro gol na Série A. Depois daquele jogo eu desandei a fazer gols. Ele é um grande trabalhador e está nos ajudando. O grupo confia nele.

DC – Você tem uma relação de amizade com o Julio Cesar?

Aloisio – O Julio é meu amigo. Gosto muito dele, e ele é meu companheiro de quarto. Apesar de eu não ser casado, ainda, ele é casado e a gente faz umas jantas pra reunir o grupo. É uma amizade que a gente vai levar para depois do futebol. E gosto dos filhos dele como se fossem meus.

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Com o amigo João Paulo comemorando o gol contra o Cruzeiro. Foto: Flávio Neves

DC – Você está sempre com jogadores com família?

Aloisio – E eu fui mais para o lado deles, eu poderia ir para o lado dos solteiros, mas acabei indo para o outro. Até porque são pessoas boas e podem me ajudar, como o Julio, Coutinho, Túlio e o João fazem. Eles estão sempre ali.

DC – E no que eles te ajudaram?

Aloisio – Quando eu cheguei com essa loucura de treinar, de me perder e fazer coisas erradas eu sempre escutei eles. O que eles dizem entra e fica na cabeça. Eu assimilo bem e gosto muito deles. Eles falam coisas que é para o meu melhor.

DC – E o Chico Lins. Você gostam muito dele. Até por isso pediram para ele continuar quando tentaram demiti-lo?

Aloisio – Claro, amigo nosso a gente quer perto, não quer longe. Quando falaram que as pessoas queriam tirar ele a gente falou que não e que ele tinha que ficar. Então falamos com o presidente e fizeram muito bem em manter ele.

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DC – Como o Loco Abreu foi recebido pelo grupo. Ele é fácil de trabalhar?

Aloisio – Ele foi muito bem recebido pelo grupo, como a gente faz com todos. E ele se enquadrou muito bem no grupo, é uma pessoa que tá sempre brincando, conversa, ajuda o pessoal mais novo, tenta indicar a direção certa. Infelizmente machucou, mas acho que vai nos ajudar muito. Ele estando 100% vai fazer muitos gols. As pessoas que estão falando mal vão ter uma bela surpresa até o final do campeonato.

DC – Essa semana o Túlio falou que os problemas do clube fora de campo são reflexo do time em campo. E que para os jogadores isso não interfere. Tendo salário em dia, condições para trabalhar, o foco fica totalmente no futebol. Você concorda com ele?

Aloisio – Concordo. O Túlio é uma pessoa muito inteligente, sabe se expressar muito bem. A briga das pessoas ali fora foi culpa nossa. Se a gente tivesse brigando por uma Libertadores, brigando lá em cima, como no ano passado, 13 partidas sem perder, diminuiria essa pressão que tem fora e de nós jogadores. A gente tendo salário em dia, as coisas no CFT para trabalhar. E tem. Não tem do que reclamar, um centro de treinamento muito bom. A briga deles fora não reflete nada em campo. A situação é culpa nossa e a gente tem que dar a volta por cima.

DC – O Caio é um jogador que te ajuda muito no jogo, com característica de velocidade, de jogadas de linha de fundo?

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Aloisio – Ele ajuda bastante, ele movimenta muito, acho que os defensores que estão perto dele se preocupam muito com ele, sempre sobram espaços. Ele dribla muito bem. Às vezes dribla um, dois, me coloca na cara do gol, como contra o Coritiba, como vem fazendo em quase todos os jogos. E nossa dupla tá dando muito certo.

DC – A gente percebe nos treinos que o pessoal pega no pé do Helder, brinca. Mas, que ele entrou, assumiu a lateral-esquerda e voltou a ter um futebol que fazia tempo que não mostrava. Você também sente isso que o Helder assumiu a posição na lateral?

Aloisio – O Aranha (apelido do Helder) é uma pessoa que qualquer um que chega ali ele brinca, tem uma reposta pra tudo. Tá sempre tendo um papo legal. Eu trabalhei com ele no Grêmio, eu brinco, eu cobro, às vezes na brincadeira, às vezes levo a sério, xingo quando tenho que xingar. E tá dando certo. Eu sempre acreditei nele, estava sempre batalhando, o ano passado jogou pouco por causa do Juninho, mas ele estava sempre ali, todo dia alegre, treinando, é uma pessoa que torço muito, tenho certeza que vai vencer na vida. ?

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Aloisio com a coleção de camisa que ele começou nesta temporada. Foto: Caio Marcelo

Assista ao vídeo da entrevista com o atacante