Não é um acaso que a turnê de Almir Sater, Renato Teixeira e Sérgio Reis tenha sido batizada Tocando em Frente. Clássico da música sertaneja, a canção homônima celebra as coisas simples da vida, a paz de nada saber. Justamente a despretensão que continua a comover novos e velhos fãs das modas de viola — num Brasil reverberado por músicas de pegação e ostentação interpretadas por cantores musculosos e fashionistas do novo sertanejo. A turnê chega a Santa Catarina neste fim de semana com shows em Joinville, na sexta, e em Florianópolis, no sábado.

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Havia muita expectativa para uma turnê com os três juntos. Amigos há pelo menos 40 anos e vizinhos de porta na Serra da Cantareira, no interior de São Paulo, eles fizeram dezenas de projetos solo ou em duo — o mais recente foi o disco AR, parceria entre Almir Sater e Renato Teixeira –, mas poucas vezes com os três ao mesmo tempo.

– Cada um fazia os próprios shows. Mas aí quando surgiu a ideia foi uma festa. E o repertório era meio óbvio — contou Renato Teixeira, por telefone.

Romaria, Trem do Pantanal, Panela Velha, O Rei do Gado, Frete e Chalana são algumas das canções. E para quem achava que esses clássicos caipiras eram representantes da “verdadeira música de raiz”, Teixeira tem um recado:

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– O que a gente faz tem influência da música de raiz. Porque de raiz, mesmo, é apenas o que é praticado amadoramente no interior, por grupos de música e dança que não sofreram interferências urbanas. É algo mais profundo.É lógico que a música de raiz está em todos nós, mas o que fazemos é algo que já foi revisitado pela décima vez.

Caipira, com orgulho

Jeca Tatu, o personagem criado por Monteiro Lobato (1882 – 1948) em 1914, é uma representação pejorativa do trabalhador rural paulista, o caboclo brasileiro: um caipira descrito como preguiçoso e fracassado. Vem daí, segundo Renato Teixeira, o preconceito com quem vive no campo – tanto que o termo capira é usado também como xingamento.

O músico lembra que à época o folclorista Cornélio Pires escreveu um artigo em que criticava Lobato, afirmando que o escritor havia cometido um crime cultural que levaria 300 anos para ser reparado.

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– Música caipira ou sertaneja sempre sofreu muito preconceito. Por isso acho que das melhores coisas que meu trabalho conseguiu foi ter Elis Regina cantando ¿sou caipira, pira, pora…¿ na canção Romaria. Acho que ela diminuiu a pena para 200 anos – brinca.

Fato é que a música caipira e sertaneja de Sérgio, Renato e Almir, e de tantos outros desconhecidos, é a referência para o sertanejo contemporâneo – uma novidade que Renato não vê com maus olhos. Afinal, é o gênero de preferência nacional.

– Acho que samba é a música mais bonita do mundo. Mas considero regional. Agora o sertanejo, essa balada é universal.

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AGENDE-SE

Show Tocando em Frente, com Almir Sater, Renato Teixeira e Sérgio Reis

Joinville

Quando: sexta, a partir das 19h. Show previsto para 22h

Onde: Joinville Square Garden (Av. Santos Dumont, 2.625, Aventureiro, Joinville)

Quanto: a partir de R$ 70 / R$ 35 (meia) – Pista, 2o lote. À venda via Blueticket

Informações: (47) 3425 – 8060

Florianópolis

Quando: sábado, a partir das 20h. Show previsto para 23h

Onde: Centrosul (Av. Governador Gustavo Richard, 850, Centro, Florianópolis)

Quanto: a partir de R$ 70 / R$ 35 (meia) – Pista, 2o lote. À venda via Blueticket

Informações: (48) 3251-4000

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