Três dos alimentos produzidos em Santa Catarina mais importantes para a economia diversificada do Estado tiveram um peso importante no aumento da inflação em setembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o mês passado com alta de 0,57%, a maior alta desde abril, quando o indicador tinha ficado em 0,64%.

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Comparando apenas os meses de setembro, a inflação do mês passado foi a maior desde 2003, quando o IPCA subiu 0,78%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O grupo Alimentação e Bebidas registrou uma alta de 1,26%, com um impacto de 0,30 ponto porcentual na taxa do IPCA, o equivalente a mais da metade (53%) da inflação registrada em setembro.

O tomate enfim deu uma trégua, com queda de 12,9%. Na direção contrária, entre os produtos que tiveram a maior elevação, três itens importantes para os produtores catarinenses: cebola (16,81%), arroz (8,21%) e frango (4,66%).

– Alguns alimentos aparecem com redução de área plantada, por isso tiveram produção bem menor, como o arroz. Aliado a isso, temos a seca tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e na Rússia, o que fez com que a produção diminuísse para vários alimentos, como soja e milho – justifica Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

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A estiagem que afetou a região Sul, especialmente o Rio Grande do Sul, que concentra 60% da produção do país, a migração de alguns produtores do estado vizinho para o plantio da soja e o aumento das exportações de janeiro a agosto diminuíram a quantidade de produto no mercado, ajudando a elevar os preços, segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria do Arroz no Estado de SC (Sindarroz), Jaime Franzner.

– Nas últimas três safras o arroz estava com o preço baixo porque tínhamos uma grande produção no país. Mas este ano a produção está menor. Esta reação do preço veio em uma boa hora, porque a cotação da soja e do milho também subiram bastante – avalia.

Na projeção de Franzner, o preço do arroz deve ficar no patamar atual ou subir um pouco mais até o final do ano. O mesmo poderá ocorrer com o preço do frango que, pela escassez de milho no mercado, grão responsável por até 85% da ração da aves, poderá ficar um pouco mais caro neste último trimestre do ano.

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– Muitas empresas no Estado reduziram o abate de 150 mil frangos por dia para até 100 mil aves/dia. Se não for tomada nenhuma medida emergencial para auxiliar os produtores, essa produção pode seguir reduzindo, disponibilizando uma quantidade menor de produto no mercado, gerando inflação – projeta Ricardo Gouvêa, diretor-executivo do Sindicato da Indústria da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne).

A migração de grandes produtores de cebola de São Paulo, Minas Gerais e Goiás para as culturas de milho e soja também explica a elevação dos preços do produto. Segundo Idilário Pottratz, engenheiro agrônomo e presidente da CDL de Ituporanga, maior produtora de cebola de SC, o quilo do produto chegou a R$ 1,50, mas deverá ficar no patamar de R$ 1 a partir de agora.

– Em outubro os preços ainda podem ficar mais altos, mas em novembro e dezembro eles devem cair – projeta Pottratz.

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IPCA – Inflação oficial