Os preços dos alimentos, bebidas e serviços foram os que mais pressionaram a inflação nos últimos anos, sempre acima da meta estabelecida pelo governo, segundo informou hoje o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Desde 2005, o centro da meta anual de inflação é 4,5%, balizada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), podendo variar dois pontos percentuais.

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A análise do Ipea sobre o comportamento da inflação está no comunicado “A Dinâmica da Inflação Brasileira: Considerações a partir da Desagregação do IPCA”, divulgado hoje. De acordo com os técnicos do instituto, a decomposição da variação do IPCA mostra, desde 2007, uma estrutura bem definida onde o aumento dos preços de alimentos, bebidas e serviços foram os mais destacados.

Em contrapartida, os preços administrados por contrato ou monitorados pelo Poder Público (combustíveis, energia elétrica, telefonia, educação, água, saneamento, transporte público e outros) tiveram reajustes menores no período e contribuíram com a redução da inflação. Os preços dos produtos industrializados também tiveram correções abaixo do centro da meta, aliviando as pressões inflacionárias dos alimentos, bebidas e serviços.

O comunicado do Ipea cita que o aquecimento do mercado interno, com as políticas de redistribuição de renda, combate à pobreza e expansão do crédito também teve implicações sobre a inflação. Isso é detectado especificamente no agrupamento de serviços, cujos preços ‘são sensíveis ao salário mínimo e à redução do desemprego’, e os reajustes salariais têm sido superiores ao centro da meta de inflação.

A pressão inflacionária dos serviços se tornou mais intensa a partir de 2008, de acordo com o Ipea, e se manteve em alta mesmo em 2009, ano de recessão. Os indícios de pressão dos preços dos serviços ficaram mais patentes em 2010, em razão do ‘aquecimento excessivo da economia’, como afirma o comunicado do Ipea. O instituto lembra, porém, que esses preços foram contidos também por causa da valorização do real em relação ao dólar.

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