Diversos estudos têm comprovado cientificamente a importância da alimentação correta do bebê na primeira infância: o que se come é determinante na prevenção da obesidade e no risco de desenvolvimento de doenças, como as cardiovasculares.
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Independente de todos os avanços da indústria, o leite materno continua a ser a primeira recomendação para uma dieta normal do bebê nos primeiros seis meses de vida. Somente a partir de então é recomendada uma alimentação complementar.
O médico pediatra Jayme Murahovschi explica que a dieta normal (completa, suficiente, equilibrada e adequada) do bebê nos primeiros seis meses de vida deve ser constituída por um único alimento – o leite da própria mãe, de acordo com as necessidades do bebê.
– Na ausência irremediável do leite materno, a mãe não deve oferecer leite de vaca ao bebê, mas sim procurar o pediatra que poderá recomendar a fórmula infantil adequada para aquela criança. As principais entidades internacionais de saúde (OMS, AAP, ESPGAN, SBP) não recomendam o leite de vaca integral, seja na versão in natura ou pó, durante o primeiro ano de vida – afirma.
A introdução do leite de vaca integral no primeiro ano de vida do bebê, em substituição ao aleitamento materno, é um dos erros comuns praticados pelas mães e pode gerar sérias complicações à saúde da criança. De acordo com a Roseli Saccardo Sarni, presidente do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, a anemia carencial ferropriva é uma das doenças que acomete de 40% a 80% dos lactentes e decorre do consumo do leite de vaca integral, aliado a uma alimentação complementar pobre em alguns nutrientes, entre eles o ferro.
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– O leite integral contém valores inadequados de vitaminas e um teor reduzido de ferro, insuficiente às necessidades do organismo, além de componentes que inibem sua absorção, como o alto teor de cálcio.
A anemia carencial leva, a longo prazo, a outras complicações como processos infecciosos, sequelas no sistema cognitivo e motor e comprometimento do crescimento pondero-estatural da criança.
– Além disso, grande parte do desenvolvimento do cérebro acontece no primeiro ano de vida. E o leite integral é pobre em ácidos graxos essenciais, como o linoléico, o que pode comprometer o processo de maturação do sistema nervoso central – completa a pediatra.
Murahovschi enfatiza que após os seis meses de idade, o leite deixa de atender completamente as necessidades do bebê e os especialistas recomendam, a partir de então, uma alimentação complementar que tem como objetivos principais ser nova fonte de alimentos ricos em ferro, zinco, cálcio, folatos, vitaminas A e C; além de acompanhar e estimular o desenvolvimento da criança que deve entrar em contato com alimentos diferentes em relação à:
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:: cor: do branco (leite) para alimentos coloridos
:: sabor: do doce para o salgado (isso se refere ao próprio sal do alimento, não se deve adicionar sal)
:: espessura: do líquido para o pastoso, depois para pedacinhos e finalmente alimentos sólidos
:: uso da colher e posteriormente mastigação
Segundo o pediatra, na prática, isso se consegue substituindo uma, e depois duas, mamadas pela dieta complementar que deve ser constituída de:
:: carne: proteína, ferro, zinco
:: hortaliças: de folhas = verduras e não folhosos = legumes
:: vitamina A, C, cálcio, ácido fólico, ferro, fibras
:: tubérculos: feculentos (tipo batata) e cereais (grãos tipo arroz): energéticos
:: leguminosas: (tipo feijões): proteína incompleta, energéticos
:: óleo vegetal
:: frutas (vitamina C, fibras)
O pediatra explica ainda que a papinha caseira, culturalmente adotada, é preferível desde que tenha a composição correta e seja feita e conservada com os cuidados adequados. Quando por motivos frequentes na sociedade moderna, em que a mãe tem tarefas profissionais, o uso de papas industrializadas pode ser adotado rotineiramente.
– Um erro grosseiro é achar que qualquer alimento industrializado serve para o bebê. A indústria especializada e confiável desenvolve apenas papinhas especificamente para o lactente a partir do sexto mês, sem adição de sal, açúcares, conservantes e corantes, uma das grandes preocupações das mães – alerta.
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Acompanhando o desenvolvimento do lactente, as papinhas industrializadas são apresentadas sob forma de papinhas cremosas para o começo da alimentação complementar e depois em pedacinhos para estimular a mastigação.
– É confortável para as mães saber que as recomendações existentes em relação à alimentação infantil são baseadas em estudos científicos constantemente atualizados e no uso de tecnologia avançada – diz o professor Murahovschi.