A rotina da publicitária Rosa Estrella, 42 anos, é lição de casa para todas as mulheres, especialmente àquelas reféns do discurso: “não tenho tempo para nada”. Uma mulher pode ser a chefe de família, tocar um negócio – no caso dela, dois: uma agência de publicidade e uma empresa de promoções -, e não corroborar com o modelo “mulher contemporânea estressada”.

Continua depois da publicidade

Durante três dias tentamos marcar uma entrevista com Rosa. Na primeira vez, era aniversário dela e, às 15h, a publicitária almoçava com os dois filhos, de sete e 15 anos, para comemorar a data. No dia seguinte, Rosa estava em reunião de trabalho,em Brasília. Na terceira tentativa, em uma palestra em Tubarão para publicitários – compromisso que faz parte de seu dia a dia como presidente do Sindicato das Agências de Publicidade de Santa Catarina, que tem 103 agências associadas – mais uma atribuição assumida em maio deste ano. No intervalo da palestra, topou a entrevista.

Rosa recebeu a equipe do Donna em sua casa na Praia da Joaquina, em Florianópolis – uma morada de jardim florido e janelas amplas, com tijolinho à vista nas paredes internas, revistas de viagem à mesa e panelas de barro à mostra na cozinha. Sua paixão é a gastronomia. Rosa ama cozinhar à noite para os filhos e depois ver TV com o mais novo, Luca. Só abre mão disso quando o compromisso noturno é de vital importância. Ela nos aguardava pronta para seguir ao trabalho após a conversa. Estava displicentemente elegante e, sem dúvida, confortável, usando uma bota estilo montaria, vestido soltinho e colorido.

Dona do próprio tempo

A catarinense Alana Trauczynski, 34 anos, costumava decidir onde Brad Pitt e Angelina Jolie iriam jantar quando o casal estava em Las Vegas. Também era assimcom Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e outros bonitos e bonitas de seriados da TV norte-americana. Entre 2004 e 2007, ela foi responsável pelo VIP Service do mais luxuoso hotel de Vegas, o Palms, onde über celebridades se hospedam.

Continua depois da publicidade

Para ser digno do serviço, o hóspede tem que gastar minimamente US$ 40 mil por dia. A rotina de Alana era o roteiro dos sonhos de qualquer estudante de Turismo e Hotelaria, faculdade que ela cursou em Balneário Camboriú. Como VIP Service, Alana organizava a vida das celebridades na cidade, desde o jantar até a saída à noite para uma balada ou uma volta de helicóptero. Responsável por indicar passeios aos famosos, ela era a queridinha de quem oferecia os serviços.

– Tinha uma vida de milionária. Andava de limusine, jantava nos melhores lugares. Todos queriam me agradar – comenta.

Uma vida glamourosa. Sem dúvida. Feliz? No começo…

– Sabe o que é alguém virar para você e dizer: preciso de 11 ingressos na fila A para o show de amanhã do Rolling Stone? Era muito estresse. O insight veio quando atendeu a uma ligação da mãe, que queria contar sobre a família. Alana a interrompeu e disparou, grosseiramente: “mãe, eu tenho um milhão de coisas para resolver. Não quero saber da vida dos outros”.

Alana começou a sentirse “profundamente infeliz”. Estava perdida. Em uma conferência de sufismo, espécie de corrente mística do islamismo, o mestre se aproximou dela e disse: “pode parar a sua busca. Você deve ser escritora”. Recalculando a Rota chegou às livrarias de Santa Catarina em junho. Na última quinta-feira, Alana estava no Rio de Janeiro para o lançamento da obra. O final da história em Vegas dá para você, leitor, imaginar.

Continua depois da publicidade