Na última prova na escola Armandinho errou uma questão: o que é essencial à vida de todos os seres humanos e começa com a letra “a”? Não é água, não para o famoso menino de cabelo azul das tirinhas criadas pelo ilustrador de Florianópolis Alexandre Beck. Publicadas diariamente no DC, onde o personagem nasceu há três anos, os quadrinhos agora estão em livro. Armandinho Zero reúne as primeiras ilustrações do garotinho e como tudo começou.

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– Os adultos são tão ocupados que não pensam mais sobre como e por que somos como somos – diz o criador ao explicar a personalidade de seu personagem.

O Armandinho nasceu em 2010, ocupando o lugar da tirinha República, criada por Beck com personagens inspirados em seus ex-colegas universitários e publicadas no DC entre 2002 e 2005 e 2009 e 2010.

– Um dia me pediram para ilustrar uma reportagem de economia, o tema era ligado a pais e filhos. Sem tempo para criar, fiz somente o garotinho e as pernas grandes dos pais – conta.

O formato deu certo, leitores gostaram e o recém-nascido Armandinho já havia conquistado fãs. Ainda nem tinha nome, mas já carregava a essência de pureza e ingenuidade que tanto cativa leitores no jornal e hoje também na internet. Do seu pequeno universo infantil, ele questiona a lógica dos adultos, tão ocupados consigo mesmos e com preocupações por vezes mesquinhas.

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– Não podemos perder essa fase dos porquês. Poderíamos descobrir coisas até hoje – comenta o ilustrador, que se inspirou na filha caçula, Fernanda, 10 anos, para criar o personagem.

Idealista por essência

Alexandre Beck começou a fazer tirinhas por hobby. Formado em Agronomia, ele entrou para faculdade de comunicação em 1997 para dar vazão à sua veia artística e de comunicador. Ele ainda exerce a profissão de engenheiro, combinada ao trabalho de ilustrador e jornalista.

Beck é um idealista por natureza e usa a aptidão de desenhar e contar histórias para convidar as pessoas a refletirem sobre o mundo em que vivem.

– Gosto que parem para pensar. Não tento orientar ninguém, apenas levanto algumas questões.

Por isso Armandinho e ele de certa forma se confundem. Se Beck é um pai atento às dúvidas dos próprios filhos é porque ele tem consciência de que são as mesmas dúvidas que ele tinha. E as suas indignações com alguns absurdos da sociedade contemporânea se refletem nas indignações do personagem.

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Nessa linha, Beck é categórico ao rebater as comparações de Armandinho com Mafalda, a famosa menina que odeia sopa criada pelo argentino Quino. Para ele, Armandinho é muito mais otimista.

Ah, sim. A resposta de Armandinho para a questão do que é essencial ao homem que começa com a letra “a” é amor.

Sucesso na internet

As tiras do Armandinho começaram a ser publicadas na internet no final de 2011. Na época Beck usou o Facebook para mostrar as ilustrações aos amigos e saber o que eles achavam. A fanpage do personagem veio só no final do ano passado, quando ele se mudou para Santa Maria, no interior gaúcho. No dia do incêndio na boate Kiss, o ilustrador fez uma tira do Armandinho – um desabafo que não foi para jornal nenhum, apenas para a internet, mas sensibilizou milhares de pessoas em todo o Brasil. Desde então, de 300 a página passou a 400 mil curtidores.

Para comprar o livro

Armandinho Zero é vendido somente pela internet. A obra conta com as primeiras tiras, inclusive as que deram origem a ele, a primeira publicação em jornal, como foi a escolha do nome e de onde veio o sapo. Para comprar é preciso enviar e-mail com pedido para armandinhozero@gmail.com.

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Armandinho Zero. De: Alexandre Beck. Edição do autor. 100 págs. R$ 25.