Se fosse 1º de abril seria óbvio que trata-se de uma mentira. Perfis nas redes sociais quiseram viralizar e conseguiram. A notícia chama a atenção: Celta 2025 vai custar R$ 75 mil. Os diferentes vídeos que se espalharam no TikTok e Instagram mostram um Chevrolet compacto de linhas simples e conservadoras. Seria o retorno do Celta, que saiu de linha em 2015?

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O modelo em questão é o Aveo, produzido na China e vendido no México como hatchback de entrada. Por lá, na moeda local convertida o Aveo custa o equivalente a R$ 93 mil. O compacto é equipado com motor de quatro cilindros aspirado de 1,5 litro e 98 cavalos acoplado à transmissão manual de seis marchas ou automática CVT. Mas não há nenhuma intenção da General Motors (GM) do Brasil, prestes a completar 100 anos no país, de produzir ou importar esse modelo nem como Aveo nem como Celta.

Fotos do Chevrolet Aveo, que confundiu como o “novo celta”

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Por que os populares acabaram e não voltam mais?

O Celta foi aposentado em 2015 após 15 anos de mercado. Era um carro simples e fazia sucesso em um momento em que os “populares pé-de-boi” representavam 25% de todos os carros vendidos no Brasil.

Por força de legislação, nas últimas décadas os veículos passaram a ser obrigados a virem mais equipados em itens de segurança (airbags, freios ABS, Isofix, cinto de três pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes, etc.) e atender a novas e mais restritas normas de emissões de poluentes, elevando seus custos.

Além disso, o mercado também passou a ser mais exigente em tecnologias e conectividade, como câmbio automático, freio de estacionamento elétrico e central multimídia, entre outros. Do lado das montadoras, a rentabilidade de modelos mais caros tornou-se mais estratégico do que altos volumes.

Tudo isso levou ao enxugamento dos compactos mais acessíveis: sumiram aos poucos do mercado modelos de entrada como Renault Clio, Nissan March, Ford Ka, Fiat Uno, Toyota Etios e o próprio Celta.
Em outros tempos, de mercado retraído, as montadoras já discutiram a possibilidade de voltar a ter modelos “populares” para incrementar as vendas, desde que houvesse contrapartida do governo com isenção de impostos.

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— Se pegarmos o preço do carro popular da época de Itamar Franco (1992-1995) hoje custaria R$ 80 mil, sem airbag, sem ABS, sem retrovisor do lado direito e outros itens de segurança que temos agora — disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea em maio de 2023.

O governo lançou em junho daquele ano uma MP que reduziu IPI e PIS/Cofins de carros novos até R$ 120 mil, o que deixou Fiat Mobi e Renault Kwid, por exemplo, custando R$ 61 mil, o Peugeot 208 a partir de R$ 62,3 mil e o Onix por R$ 75 mil. Durou menos de um mês e esgotou rapidamente um teto de valor para o programa estabelecido pelo governo.

Mas fora momentos pontuais como esse não dá para esperar novas ações que levem os carros de entrada a preços tão convidativos.

O que a General Motors terá, então?

Depois de cinco anos no mercado, já é sabido que a GM vai renovar a linha Onix como uma das ações do centenário da marca. Hatchback e sedã compactos terão o design atualizado, em grade, faróis, para-choques e lanternas, principalmente. Por dentro, quadro de instrumentos e multimídia ficam mais modernos, além de um acabamento mais refinado.

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No motor é esperado um upgrade com a adoção de injeção direta, o que elevará seus números de torque e potência. Onix e Onix Plus são produzidos em Gravataí (RS), planta de onde sairá também um SUV inédito, abaixo do Tracker, baseado a partir da mesma plataforma do Onix e possivelmente com tecnologia híbrida flex.

Mas ainda vai demorar. O novo SUV deverá ser exibido em doses homeopáticas no fim de 2025, para chegar às lojas no começo de 2026.

Por Lucia Camargo Nunes da @viadigitalmotorsoficial.

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