Aleppo respirou nesta quarta-feira sem bombardeios e a Rússia anunciou que a “trégua humanitária” na cidade síria durará 11 horas nesta quinta-feira, três horas a mais que o previsto, para permitir a saída de quem quiser ir embora.

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A Rússia anunciou que a “pausa humanitária”, prevista para a quinta-feira, será estendida para 11 horas “a pedido das organizações internacionais”, ao invés das 8 horas previstas inicialmente.

“Farei tudo o possível junto à chanceler Angela] Merkel para que esta trégua possa ser prorrogada”, disse o presidente francês, François Hollande, antes de voar para Berlim para se reunir com seus colegas russo, Vladimir Putin, e alemã.

O Conselho Europeu condenou os ataques do regime sírio e seus aliados, especialmente da Rússia, contra os civis em Aleppo e pediu “um cessar imediato das hostilidades e a retomada de um processo político confiável, sob o patrocínio da ONU”, indicaram os 28 membros do bloco em um rascunho.

Os 28 pedirão também a adoção de “medidas urgentes para garantir o acesso humanitário sem entraves a Aleppo e outras partes do país”, segundo esta proposta que será discutida durante a cúpula de dois dias em Bruxelas, onde o conflito na Síria e o papel da Rússia será o prato forte.

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A Rússia, principal aliada do presidente sírio, Bashar al Assad, anunciou na terça-feira a suspensão dos bombardeios no leste de Aleppo.

Mas este anúncio foi recebido com ceticismo e a ONU advertiu que será insuficiente para permitir que a ajuda chegue à cidade, que está sitiada.

Esta região, sob controle rebelde desde 2012 e onde vivem 250.000 pessoas, está sob fogo intenso desde que o regime de Damasco lançou em 22 de setembro uma ofensiva com o objetivo de retomar totalmente a cidade, ex-capital econômica e a segunda mais importante do país.

O diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, informou que não foram registrados ataques aéreos desde a manhã de terça-feira.

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“Mas continua havendo combates em várias frentes perto dos bairros rebeldes, em especial à Cidade Velha, com disparos de artilharia do regime e de foguetes de parte dos rebeldes”, afirmou Rahman.

‘Sem aviões no céu’

Aleppo se tornou o principal front da guerra que devasta a Síria desde 2011 e que deixou mais de 300 mil mortos.

“Graças a Deus, não há aviões no céu neste momento”, disse à AFP Ibrahim Abú al Leith, porta-voz dos Capacetes Brancos em Aleppo, socorristas da zona rebelde.

“Mas ainda há disparos de artilharia e foguetes”, acrescentou.

Na terça-feira, aproveitando a pausa dos ataques aéreos, a população de Aleppo saiu às ruas para comprar alimentos, que são cada vez mais escassos.

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O correspondente da AFP em Aleppo disse que não foram reportados bombardeios, mas que prosseguem os combates com artilharia pesada entre os rebeldes e os combatentes do governo.

A zona rebelde de Aleppo está completamente sitiada pelas forças governamentais há três meses.

A “pausa humanitária”, que começa na quinta-feira às 08h locais (03h de Brasília) e vai até as 16h (11h00 no Brasil), permitirá a abertura de seis corredores humanitários para evacuar civis e feridos e outras duas passagens para a eventual retirada de combatentes.

A ONU considerou insuficiente o tempo de duração desta trégua, pois para aportar socorro a Aleppo são necessárias ao menos 48 horas, segundo declarou nesta quarta-feira Jens Laerke, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).

“Houve três tréguas em Aleppo desde o começo do ano. E não houve resultados (…) Não acreditamos nisso”, reagiu, durante visita a Paris, Abdulrahman Almawas, vice-presidente dos Capacetes Brancos.

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O regime de Damasco e a Rússia asseguram ter bombardeado os bairros rebeldes de Aleppo para eliminar “terroristas”.

“Devemos eliminar os terroristas de Aleppo, é assim que protegeremos os civis”, disse o presidente Al Assad, em entrevista com a TV suíça SFR 1, divulgada nesta quarta-feira.

Por outro lado, 620 rebeldes e suas famílias evacuavam nesta quarta-feira Muadamiyet al Sham, localidade sitiada síria a sudoeste de Damasco, após um acordo com o governo, para serem levados a Idleb, província do noroeste, controlada por uma aliança de rebeldes e extremistas.

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