Enquanto políticos e empresários discursavam na abertura da Feira Internacional de Tecnologia da Informação e Comunicação (Cebit) ontem, em Hannover, na Alemanha, a chanceler Angela Merkel teclava animadamente no smartphone. Minutos depois, quando o convidado especial deste ano, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, subiu ao palco, soube-se o motivo de tamanho entusiasmo: uma parceria entre os dois países pretende criar a internet 5G.
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O acordo, fechado poucas horas antes da abertura do evento, envolve três universidades. O objetivo é criar uma conexão tão rápida que permita baixar um filme em menos de um segundo – a 5G é mil vezes mais veloz que a 4G, que começa a ser instalada em algumas cidades brasileiras. Apenas a Coreia do Sul desenvolve projeto semelhante.
A Cebit costuma indicar o que os fabricantes vão apresentar aos consumidores nos próximos anos. Nesta edição, os temas centrais são telefonia móvel, mídias sociais e banco de dados. Assuntos em alta, principalmente após o Facebook, de Mark Zuckerberg, pagar US$ 19 bilhões pelo aplicativo de mensagens WhatsApp semanas atrás.
A feira é famosa pela área de robótica. Na edição deste ano, já deu para sentir o que vem pela frente. Um adolescente, usando uma camiseta com a identificação “nativo digital”, travou um debate inteligente com uma máquina capaz até mesmo de fazer piada. Quando os organizadores foram retirá-lo do palco, o robô não hesitou:
– Tirem suas mãos de mim. Eu custo caro!
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Foco nos processos industriais
O Brasil ainda tem uma presença tímida na Cebit, com aproximadamente cem representantes, incluindo organizações estatais e privadas. O Rio Grande do Sul, sede da Bits – evento regional da Cebit na América do Sul, organizado pela Deutsche Messe em parceria com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) -, conta com a participação de oito empresas. Para a edição de 2014, o público estimado é de 400 mil pessoas. São mais de 3,5 mil expositores de 70 países.
Diferentemente de outras feiras do ramo no mundo, como a Consumer Electronics Show, nos Estados Unidos, e o Mobile World Congress, realizado mês passado em Barcelona, na Espanha, voltados para testar a recepção do público aos novos produtos, a Cebit reúne empreendedores dispostos a pensar o futuro.
Muitas das negociações que começam nos pavilhões de Hannover resultam em melhoramento de processos industriais e intercâmbio de tecnologia entre os continentes. Mudanças pequenas à primeira vista, mas que costumam fazer diferença no produto que o consumidor encontra nas lojas.
*O repórter viajou a convite da Fiergs