Uma das novelas das seis mais queridas dos últimos tempos, Além do Tempo foi dividida em duas fases: uma que se passava há 150 anos e outra nos tempos atuais, mostrando duas vidas para os mesmos protagonistas. Apesar do tema espiritualidade não ser nada inédito nos folhetins globais, a inovação veio com o formato escolhido pela autora Elizabeth Jhin: a primeira parte teve um final para todos os personagens, e a segunda teve direito até a uma nova abertura.
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Além do Tempo: Lívia convida Vitória para morar na mansão
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Enquanto os fãs da novela, que termina nesta sexta-feira (15), aguardam seu desfecho, conversamos com Margareth Hernandes, advogada, médium e coordenadora do departamento mediúnico do centro espírita da Serte, de Florianópolis, para entender melhor o que é ficção e o que é real segundo a doutrina kardecista.
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De acordo com o espiritismo, o espírito é eterno e passa por diferentes encarnações com o propósito de evoluir. Os espíritas acreditam no livre-arbítrio e na lei da causa e e efeito, ou seja, situações positivas ou negativas são consequências de boas ou más escolhas. A doutrina se baseia no conjunto de princípios e leis codificado por Allan Kardec (1804 – 1869), pseudônimo do pesquisador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, a partir do estudo das manifestações dos espíritos e da mediunidade.
O que é doutrina espírita
“Parece que já te conheço”
Quem nunca sentiu simpatia ou antipatia imediatas por alguém que acabava de conhecer, ou teve a sensação de que já conhecia a pessoa mesmo sem nunca tê-la visto? Esse sentimento pode, sim, vir de vidas passadas.
— Muitos de nós já nos encontramos em diversas vidas, já que somos espíritos seculares. Existem possibilidades da simpatia instantânea acontecer quando a afinidade é muito grande. Nossas vidas passadas estão gravadas no nosso subconsciente, mas não temos acesso a elas. Quando a gente se defronta com um objeto, local ou pessoa temos uma sensação que o cérebro te manda: opa, já estive aqui — explica a médium.
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Porém, isso não significa que toda vez que temos essa sensação é porque já conhecemos a pessoa de outras encarnações. Não há uma regra e pode ser apenas simpatia ou antipatia gratuitas.
Mesmo gênero
Segundo a médium, existe uma tendência de reencarnar com o mesmo gênero, mas nunca de vir em todas as vidas com o mesmo. Uma pessoa pode optar por repeti-lo ou não, se o desejar.
Diferentes relações interpessoais e familiares
Assim como a novela mostrou, a doutrina fala que as relações entre as pessoas podem mudar de uma vida para a outra. As personagens Vitória (Irene Ravache) e Emília (Ana Beatriz Nogueira), por exemplo, eram sogra e nora inimigas na primeira fase e na segunda vieram como mãe e filha.
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— Cada vida é como se fosse uma conta bancária em que viemos com um saldo devedor. Na novela, Emília veio como filha da inimiga para através do amor transcender o ódio que elas tinham. Geralmente, inimigos vêm na família para superar os traumas, dificuldades de caráter, de amar ou perdoar. A relação de parentesco, consanguíneo ou de agregado, dá a chance de mudar. Já em relação aos personagens Lívia (Alinne Moraes) e Felipe (Rafael Cardoso), é possível que um casal que se ame nesta vida se reencontre e fique junto novamente na próxima, se houver necessidade. Isso são as próprias pessoas que vão decidir.
Os desenhos de Mateus
A atividade mediúnica em que o médium pinta ou desenha obras com informações recebidas da espiritualidade é chamada de pictografia. O personagem Mateus (Cadu Libonati), filho de Gema (Louise Cardoso), apresentou mediunidade na segunda fase da novela. Ele teve visões da vida passada da mãe e fez desenhos que ilustravam o que se passava em sua mente.
— Ele é um instrumento na mão da espiritualidade para nos ajudar por aqui. Às vezes, a pessoa pode ter uma mediunidade que vem através da inspiração e nem sabe disso, simplesmente vai desenhando — conta Margareth.
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A mediunidade pode se manifestar por diferentes tipos como vidência, psicofonia e psicografia.
O que é ficção
Mesmo nome
O fato dos personagens terem os mesmos nomes nas duas vidas é apenas um recurso da autora para não causar confusão nos espectadores.
Anjos na Terra
A novela traz os anjos Ariel (Michel Melamed), Mestre (Othon Bastos) e Cícero (Saulo Arcoverde). Ariel é uma espécie de “anjo caído” e encara o dilema de se tornar humano ou partir para uma outra missão. Para o espiritismo, alguns espíritos iluminados reencarnam na Terra com missões, como os famosos médiuns brasileiros Divaldo Franco e Chico Xavier, mas não existe esse dilema.
Período 150 anos entre uma vida e outra
Não há um tempo determinado entre uma encarnação e outra. Para os espíritas, a morte nada mais é que uma transição e muitas reencarnações podem ser compulsórias pois, por causa do mundo materialista em que vivemos, muitas pessoas têm dificuldade de aceitar e entender a morte.
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— Na espiritualidade, a dimensão é outra, não tem a mesma dimensão de tempo que nós temos aqui. Lá, o tempo é imensurável — diz Margareth.