O diretor J. J. Abrams segue pela contramão na renovada corrida do ouro em busca de glória e fortuna em Hollywood. Enquanto muitos nomes consagrados do cinema se voltam para projetos artisticamente mais empenhados na televisão, ele, cria da TV, consolida-se como novo midas do cinema.
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A boa recepção de público e crítica a Além da Escuridão – Star Trek, já em sessões de pré-estreia e em cartaz a partir de sexta, é indicativo de que Abrams acertou o caminho para revigorar o tão vilipendiado conceito de blockbuster.
A grandiosidade de Além da Escuridão, na lição que Abrams aprendeu com seus gurus Steven Spielberg e George Lucas, está a serviço do bom entretenimento, da excelência tecnológica que não é mera pirotecnia e, no caso, da reverência a um dos universos mais populares e queridos da cultura pop: o de Jornada nas Estrelas, franquia que o marketing globalizado uniformizou como Star Trek.
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Abrams emociona os fãs antigos, os trekkers, e capta uma nova legião de admiradores pagando tributo à origem da saga: a série de TV criada por Gene Roddenberry, exibida entre 1966 e 1969 e ainda reprisada – que inspirou seis longas-metragens com o mesmo elenco e manteve-se em evidência no correr das décadas com novos títulos na TV e no cinema.
Coube a Abrams a missão de reativar a franquia com o longa Star Trek (2009). Sua experiência na direção de cinema, após o enorme sucesso como criador e produtor executivo do seriado Lost, resumia-se, então, ao morno Missão Impossível 3 (2006) – cinessérie da qual se tornou produtor. A receita de Abrams para promover o reencontro dos trekkers com seu objeto de adoração foi trazer de volta a tripulação clássica da espaçonave USS Enterprise em um novo arco narrativo, explorando uma realidade paralela na qual o capitão Kirk (Chris Pine) e o vulcano Spock (Zachary Quinto) ressurgiam jovens e em seus primeiros passos como protagonistas da Frota Estelar, uma espécie de ONU intergaláctica.
O que ficou bom em Star Trek ressurge melhor em Além da Escuridão. Agora, a tripulação da Enterprise tem a missão de capturar o terrorista conhecido como John Harrison (Benedict Cumberbatch), que, após um ataque à sede da Frota Estelar, refugiou-se junto aos hostis klingons.
A caçada vai evocar momentos antológicos da franquia numa aventura que é trepidante na sua combinação de ação, suspense e humor. Além da Escuridão é embalado ainda como um espetáculo visual impressionante. O uso do 3D não é gratuito, como de hábito, pois Abrams contou com a mais moderna tecnologia de captação de imagens, inclusive com câmeras Imax – o que torna recomendável assistir ao filme na recém-inaugurada sala com projeção Imax da Capital.
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Depois de renovar, em Super 8 (2011), o modelo de aventura juvenil consagrado por Spielberg, Abrams ganhou o aval de George Lucas para ressuscitar, em 2015, a saga Guerra nas Estrelas (ou Star Wars), que, assim como Jornada nas Estrelas, é um território minado pelo olhar crítico dos fãs.
Em seguida, em 2016, o diretor tem a missão de encerrar a trilogia dos remoçados Kirk e Spock, no clima de celebração aos 50 anos de viagens da Enterprise rumo a “onde nenhum homem jamais esteve”. Abrams mira esse lugar à velocidade da luz.
SERVIÇO:
Além da Escuridão – Star Trek
(Star Trek Into Darkness)
De J. J. Abrams. com Chris Pine, Zachary, Quinto e Benedict Cumberbatch.
Ficção científica. EUA, 2013.
Duração: 132 minutos. Classificação: 12 anos.
Em cartaz a partir de sexta.
Cotação: 4 (de 5 estrelas)