Recordações que não se restringem a fatos, tratando também de personagens ficcionais, são o mote de Memórias de o que Já Não Será, novo livro de Aldyr Garcia Schlee. O escritor natural de Jaguarão autografa o volume nesta quinta-feira, às 18h, na Palavraria (Vasco da Gama, 165), em Porto Alegre.

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No livro, Schlee narra histórias da própria infância e retoma personagens de livros anteriores. Ressurge, por exemplo, José Jacinto, o homem que havia encontrado casualmente uma pequena fortuna em Uma Terra Só (1984). No trânsito entre o real e o imaginário, o recorte temporal vai além além da vida do escritor de 79 anos, abarcando causos ambientados no século 19.

– Comecei a anotar ocorridos do passado para um futuro livro, e me dei conta de que poderia brincar com algo que sempre me preocupou: a passagem inexorável do tempo e o fato de que nosso presente é feito de memórias, ainda que inventadas – conta o autor.

A voz narrativa marcante de Schlee, que explora as intersecções entre português e espanhol desde Linha Divisória (1998), é novamente um dos grandes trunfos. Apesar de os contos testemunharem o cotidiano de habitantes próximos da fronteira entre Brasil e Uruguai, o autor não se preocupa em ser fiel à realidade. Elementos fantásticos, como a libido sem limites do protagonista da primeira narrativa, trazem um clima onírico aos relatos, remetendo a escritores como Gabriel García Márquez, influência citada na história que encerra o volume.

Contos da Vida Difícil (2013), livro anterior de Schlee, chamava a atenção ao tratar de um tema polêmico como a prostituição, e Os Limites do Impossível (2009) era um convite para fãs de Carlos Gardel, por criar pontos de vista sobre as origens do ídolo do tango. Enquanto isso, Memórias de o que Já Não Será, por seu viés pessoal, deverá atrair principalmente leitores que já acompanham o trabalho de Schlee. Não deveria. É um livro que trabalha com imaginação e reveste de encanto o universo explorado nas narrativas.

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MEMÓRIAS DE O QUE JÁ NÃO SERÁ

De Aldyr Garcia Schlee

Contos, Ardotempo, 216 páginas, R$ 40.

Sessão de autógrafos nesta quinta-feira, às 18h, na Palavraria (Vasco da Gama, 168), em Porto Alegre.

Cotação: 3 de 5 estrelas