Os guaranis da Aldeia Morro da Palha, que pertence à terra indígena Tekoá Itanhaém, em Biguaçu, na Grande Florianópolis, estão sem energia elétrica nas casas. O abastecimento foi cortado pela Celesc após denúncias de ligações irregulares à rede que atende àquela localidade. Em isolamento social por causa da pandemia, os indígenas reclamam da perda de alimentos perecíveis doados pela comunidade.

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No lugar vivem 108 pessoas, entre crianças, jovens e adultos. A área possui 216 hectares de extensão e fica localizada na estrada geral do Timbé Norte, interior de Biguaçu. As 30 famílias vivem basicamente da agricultura – são 49 crianças na escola. De acordo com lideranças de aldeias guaranis próximas, há pessoas que testaram positivo para a Covid-19.

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– A comunidade está isolada, inclusive por falta de comunicação. As pessoas não têm como recarregar as baterias do celular – conta Kerexu Ixapyry, da aldeia Itaty, no Morro dos Cavalos.

A falta de comunicação preocupa, pois, além das pessoas com o novo coronavírus, há uma paciente que depende de hemodiálise. A Tekoá Itanhaém foi adquirida através do programa de medidas mitigadoras decorrentes da duplicação da BR-101, em 2007.

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Chega-se na aldeia por uma estrada de chão que corta a terra indígena ao meio. A escola é o principal ponto de referência. As casas são construídas de alvenaria e algumas de sapé. Na área central da comunidade existe um campo de futebol, uma plantação de eucaliptos e uma palmeira-real.

Celesc alega prejuízos ao patrimônio da empresa

A comunidade continua isolada devido à falta de comunicação
A comunidade continua isolada devido à falta de comunicação (Foto: Maurício Vieira/Secom)

A Celesc, que em março deste ano anunciou um lucro líquido anual de R$ 283,6 milhões, portanto, 71,8% superior a 2018, informa que possui apenas três unidades consumidoras da aldeia, em Biguaçu, legalmente registradas em seu sistema. Os desligamentos, informa, foram feitos após denúncias de ligações irregulares à rede elétrica que atende àquela localidade.

Além de crime, alega a Celesc, as ligações clandestinas oferecem alto risco à vida, ao patrimônio e afetam a qualidade da energia fornecida aos consumidores regulares da região. O assunto, segundo a estatal, está sendo tratado junto à Fundação Nacional do Índio (Funai).

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O Diário Catarinense entrou em contato com a Funai. O objetivo era esclarecer o que dizem os indígenas sobre o comprovante de residência na aldeia. O coordenador regional Eduardo Cidreira, no entanto, não foi localizado. Cidreira estaria dando um curso em Paranaguá, no litoral do Paraná. A reportagem encaminhou um e-mail, mas até o momento não obteve resposta.

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