O Comercial Krüger está localizado na rua Ottokar Doerffel, no bairro Atiradores, há quase meio século em Joinville, tempo suficiente para o dono, Alcides Krüger presenciar fatos que lhe rendem inúmeras histórias.

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O homem de baixa estatura, andar calmo e fala serena tem 75 anos e relembra com orgulho da época em que a Companhia Hansen Industrial, a atual Tigre, lhe rendia muitos clientes que saíam do trabalho e paravam no tradicional ponto em frente a antiga indústria para beber, comer e comprar outros acessórios.

O comércio de secos e molhados, ramo que abrange armazéns e lojas de comestíveis, surgiu em 1967. Alcides já havia trabalhado no Comércio e Indústria Germano Stein e trabalhava na companhia de ônibus de Abílio Belo como chefe de oficina, quando o sogro lhe contou que a Tigre havia começado a mexer em um pasto localizado na rua Ottokar Doerffel para a construção de uma indústria.

No ano em que ficou pronta a construção, Alcides instalou em frente à indústria o seu próprio comércio. Na época, a esposa Ilma era quem tocava o negócio do casal. Ficou 60 dias sozinha e depois pediu pra o marido largar o emprego porque não estava dando mais dando conta sozinha.

– Ela falou que ou eu saía do emprego ou fechava o comércio – lembra.

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Apesar de gostar do trabalho de mecânico, a grande clientela nos primeiros meses o motivou a escolher a primeira opção.

– Hoje o movimento é bem menor do que antigamente, quando saía mais de 100 caminhões todos os dias da fábrica da Tigre e muitos paravam aqui – conta.

O casal começou vendendo produtos como sacos de feijão, arroz e farinha. Depois, comercializaram ferragens e tecidos. Alcides lembra que a corda sisal também era um produto com muita procura. Comprava mensalmente uma tonelada, vinda de João Pessoa (PB), que era vendida para os motoristas de caminhão que frequentavam a Tigre. Depois de algum tempo, precisou dobrar o pedido para atender a demanda.

Alcides e Ilma tiveram sete filhos e, desde que sua mulher faleceu há 13 anos, o comércio é administrado por seu Alcides e as filhas Rute e Rosana.

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– Eu praticamente nasci aqui e ajudo desde os seis anos – lembra Rute. Eles trabalhavam de segunda a sexta, das 5h30 às 22h30. No domingo, o comércio era aberto das 20 às 22h30 apenas para atender os motoristas que paravam na Tigre. Hoje, ele reduziu o horário de atendimento das 6 às 19 horas.

O Comercial Krüger vende uma diversidade de produtos, desde acessórios, presentes à alimentos e bebidas. Eles produzem cucas, bolachas, orelhas de gato e outros doces. Pela manhã, Alcides fica na cozinha fazendo comida no fogão à lenha. E, quando precisa abastecer o estoque, vai até a Ceasa (Centrais de Abastecimento) buscar os produtos. O neto, Nicolas Samuel, de nove anos, filho de Rosana, sempre o acompanha.

– Ele é minha sombra fiel – conta Alcides abrindo um sorriso.

Depois de quase meio século na administração e atendimento do Comercial Krüger, seu Alcides tem certeza de que o negócio não vai fechar tão cedo. As filhas veem o pai com orgulho e o têm como um exemplo de vida, o necessário para serem motivadas a continuar com o comércio. No entanto, é o interesse do neto Nicolas que deixa seu Alcides cheio de orgulho. Perguntado se quer dar sequência ao comércio do avô, Nicolas responde de imediato:

– Eu e os meus filhos.