Foi com a simples ideia de estender um varal e pendurar poesias (sim, isto mesmo, pendurar poesias!) que Alcides Buss começou a destacar-se nacionalmente. O “Varal Literário” iniciou na década de 1970, em Joinville, e se espalhou pelo país. Por meio desta e de outras iniciativas, o professor, escritor, editor e dirigente cultural consolidou marcante atuação para promover a arte, especialmente a literatura, em Santa Catarina e no país.

Continua depois da publicidade

> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Após sair de Salete, no Vale do Itajaí, onde nasceu em 1948, e morar em outras localidades de Santa Catarina e do Paraná, a família Buss escolheu Joinville para fixar residência. Ingressou na área cultural ao cursar a faculdade de Letras, editar jornais e escrever poesias. Em 1970, estava com 22 anos, quando conseguiu publicar seu primeiro livro, “Círculo quadrado’’. O seguinte, “O bolso ou a vida?” (1971), venceu o Festival de Poesia Universitária, promovido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e recebeu elogios dos críticos literários.

> Maicon Tenfen vive fase de novas conquistas

Ainda na década de 1970, tornou-se professor de Literatura Brasileira e Teoria Literária na Universidade de Joinville (Univille) e também diretor de Cultura da prefeitura. Promoveu ações que marcaram uma época de efervescência artística na cidade. Literatura e apresentações de dança e música foram para as praças, escolas e outros locais públicos dos bairros, assegurando oportunidades de difusão aos artistas e escritores e de acesso à arte para toda a população.

Continua depois da publicidade

> Conheça a trajetória de Sylvio Back, “doutor honoris causa” da cultura em SC

Mudou-se para Florianópolis e logo assumiu a docência de Teoria e Criação Literária na UFSC, em 1980. Levou para a Capital o “Varal Literário” e inovou com as “Oficinas Literárias’’, que colaboraram para o surgimento de novos escritores, e a criação do Círculo de Leitura.

Por 17 anos, a partir de 1991 até aposentar-se, foi diretor da Editora da UFSC (EdUFSC). Conduziu a implantação da nova instalação, a ampliação da equipe, a renovação da marca e o fortalecimento e diversificação das atividades da editora. Junto com a equipe, respondeu pela edição de centenas de obras e coleções consagradas, como a “Ipsis Litteris’’, que deu oportunidade a novos escritores. A EdUFSC conquistou destaque nacional como uma das maiores e mais atuantes editoras universitárias do país e marcou presença em grandes livrarias e eventos nacionais. Nos anos 1990, assumiu a presidência da Associação Brasileira das Editoras Universitárias e da seção catarinense da União Brasileira de Escritores.

> Miro Morais com “caminho sem volta” rumo ao exterior

Como escritor lançou 25 livros, a maioria de poesia. Três deles são dirigidos ao público infanto-juvenil: “Poesia do ABC” (1989), “Pomar de palavras” (2000) e “Saber não saber” (2009). A mais recente obra é uma das exceções, com narrativa em prosa: “Em nome da poesia” (2018). Pelo conjunto da obra, recebeu o prêmio Manuel Bandeira, da União Brasileira de Escritores, e mérito cultural Cruz e Sousa, do governo do Estado de Santa Catarina.

> Saiba mais sobre a história de outros grandes escritores catarinenses

Diversos dos livros dele também foram premiados. Em abril, quando se comemora o Dia Nacional do Livro Infantil (18) e o Dia Mundial do Livro (23), é uma oportunidade para homenagear Alcides Buss e outros grandes promotores do livro no Estado e no país.

Continua depois da publicidade

*Texto de Gisele Kakuta Monteiro

Leia também:​

> Conheça a vida e a obra do escritor catarinense Adolfo Boss Junior

​​​> Como a “fome” de leitura criou um grande escritor em Santa Catarina

> Como Franklin Cascaes trabalhou o imaginário coletivo de Florianópolis e região

> Conheça a história do catarinense Cruz e Sousa, o poeta do Simbolismo

> Quem é Godofredo de Oliveira Neto, o escritor que mescla literatura com história