Mais uma dificuldade para o Palácio do Planalto está posta no tabuleiro político com a pressão de parlamentares do PP para que a sigla reúna o diretório nacional e vote a saída da base governista. O partido deve ampliar a bancada para cerca de 50 parlamentares na janela para trocas de legenda que finda neste sábado — os números finais serão oficializados nos próximos dias.
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Numericamente, é o segundo principal aliado do PT, perdendo apenas para o PMDB, que também sinaliza o desembarque da base. A eventual defecção do PP ampliará a instabilidade da presidente Dilma Rousseff em meio aos trabalhos da comissão de impeachment.
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O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) iniciou a coleta de assinaturas entre os parlamentares em um documento que solicita a convocação do diretório para analisar o rompimento com Dilma. Para ter validade na direção nacional, o documento precisava de 16 signatários, mas Jerônimo alcançou 18. Dos seis senadores da legenda, quatro aderiram. A intenção é reunir com o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), na próxima terça-feira, em Brasília, para entregar o ofício e exigir a convocação do diretório.
?— Outros deputados estão me ligando para assinar. Alguns dizem que apoiam, mas não se comprometem por medo de retaliação. Acredito que, até terça, chegaremos em 24 ou 25 apoios. A nossa ideia é reunir o diretório no dia 29 de março, antes de o processo de impeachment ser votado dentro da comissão. Tenho certeza de que retiraremos o partido do governo — afirmou Jerônimo.
A crença do parlamentar sobre o desembarque dependerá do posicionamento de caciques do partido do Norte e do Nordeste, como o líder da bancada na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e Ciro Nogueira, próximo dos petistas no Piauí.
Desde que ingressou na base do governo federal, a sigla construiu uma trajetória de divisões entre governistas, independentes e oposicionistas. Ocupou ministérios importantes e sempre cultivou a proximidade com o poder: atualmente, o PP comanda a Integração Nacional com Gilberto Occhi. Apesar das fissuras, nas decisões partidárias, prevaleceu, nos últimos anos, a vontade dos aliados do PT. O partido apoiou a reeleição de Dilma. Mas a avaliação é de que as crises política e econômica, associadas ao impeachment e a pressão popular, possibilitam uma virada.
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— A deterioração do governo e o desejo de mudança já estão pesando. Acredito que eles (Ciro e Aguinaldo) terão de respeitar a maioria. Chega uma hora em que a realidade te leva a tomar uma posição — avaliou a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que já conversou com os dirigentes nacionais sobre a ruptura.
Na comissão de impeachment, o PP conta com cinco nomes. Teoricamente, dois são a favor do impedimento de Dilma e três, contra, incluindo Aguinaldo.
— Eles (Ciro e Aguinaldo) são mais ligados ao governo, mas são sensatos. E a sensatez manda ouvir a maioria. O próprio Aguinaldo foi eleito líder da bancada do partido com apoio da oposição e dos independentes. O governo apoiou o Dudu da Fonte (PP-PE) — alertou o deputado Esperidião Amim (PP-SC).
Para Jerônimo, o fato de o Planalto ter tentado derrubar Aguinaldo é um fator que enfraquecerá sua lealdade e compromisso com o governo Dilma.
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*Zero Hora