Uma reunião definirá nos próximos dias o cronograma de trabalho do Consórcio Aquaplan-Prosul, responsável pela elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (Eia) e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima) da obra de alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú.
Continua depois da publicidade
A busca pelas licenças ambientais é o primeiro passo para a concretização da obra, que está em estudo há mais de 10 anos. Considerada importante para manter o turismo como principal fonte de renda da cidade, a empreitada, avaliada entre R$ 50 e R$ 100 milhões, está cercada de desafios.
A manutenção das características da praia e a redução do impacto à vida marinha são alguns dos pontos-chave para que a obra tenha sucesso (veja tabela). A jazida de onde deve ser retirada a areia já foi escolhida, e está a 15 quilômetros da costa, na direção da Ilha das Cabras. Outras duas propostas anteriores foram descartadas porque trariam mudanças à forma como as ondas chegam à costa.
A previsão é que o Eia-Rima seja concluído em seis meses. Segundo o secretário de Planejamento, André Ritzmann, a obra só inicia quando todas as licenças tiverem sido concedidas e confirmadas pelos órgãos ambientais.
Continua depois da publicidade
Manter as características da praia
Em seis quilômetros de praia, Balneário Camboriú oferece águas tranquilas para um dia de sol em família e ondas feitas para o surfe. Manter as características da praia, em cada ponto, é um dos principais desafios do alargamento da faixa de areia.
Continua depois da publicidade
A escolha errada da jazida ou equívocos na distribuição, sem respeitar a morfologia original da praia, resultariam em mudanças que, a longo prazo, poderiam afastar os turistas e prejudicar a principal fonte de renda da cidade.
– Pelos estudos que temos, sabemos que podemos fazer a obra com bastante segurança _ diz o engenheiro Auri Pavoni, que acompanhou o projeto de alargamento da praia desde o início. ?
Encontrar a jazida ideal
A diferença entre o sucesso ou fracasso da obra de alargamento da faixa de areia está diretamente ligada à escolha da jazida de areia. Se a areia for muito fina, deixa a praia plana demais. Se muito grossa, a transforma em praia de tombo, mais inclinada. E se tiver muita lama, a praia fica com a areia mais escura.
Continua depois da publicidade
– Encontrar uma boa jazida é 70% do trabalho – diz Lindino Benedet, vice-presidente do Grupo Shaw na América Latina – empresa que produziu o estudo das jazidas de areia de Balneário.
Segundo ele, análises químicas comprovaram que a areia na jazida escolhida é limpa e encaixa com o padrão da Praia Central. ?
Não modificar a relação praia-cidade
A criação de mais espaço na Praia Central poderia resolver alguns problemas da Avenida Atlântica, como a falta de espaço para estacionamento e os congestionamentos no verão. Mas isso impactaria diretamente na relação praia-cidade que fizeram Balneário Camboriú famosa.
Continua depois da publicidade
– É uma marca essa integração com a cidade. Usa-se a Atlântica mais para desfile que para deslocamento – diz Athos Henrique Teixeira, responsável pela Agência Acadêmica de Turismo da Univali (Acatur).
Segundo o engenheiro Auri Pavoni, ex-secretário de Planejamento, que acompanhou o projeto, a ideia é não alterar essa característica:
– O que poderemos ter é uma ciclovia melhor organizada, pistas de cooper, uma condição melhor para a prática de esportes. ?
Continua depois da publicidade
Impacto no meio ambiente
Evitar que uma obra como essa tenha impactos ambientais é impossível, segundo Paulo Ricardo Schwingel, coordenador do Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali (GEP). Mas é possível minimizá-los:
– Se a jazida encontrada está a 15 quilômetros da costa, melhor. Quanto mais afastada, menor o impacto.
Entre os impactos para a fauna marinha na retirada e recolocação da areia estão o soterramento e sucção de animais, fuga em razão do ruído, acúmulo de areia nas brânquias causada pelo aumento da turbidez, que pode asfixiar os peixes, e mudanças na cadeia alimentar: a camada de sedimento no fundo atinge organismos que servem de alimento a peixes e crustáceos, que tendem a se afastar.
Continua depois da publicidade
– A tendência é que os animais se recomponham em dois a três anos. É preciso esperar que a natureza faça seu trabalho – diz Schwingel.
Garantir a durabilidade
Assim como uma praia mantida da forma natural, uma faixa de areia que recebeu obras de engordamento também está sujeita à erosão – que pode significar a perda de um investimento milionário. Para João Thadeu de Menezes, doutor em Geologia Marinha, o fato de não haver hoje sinal de processo erosivo na Praia Central de Balneário Camboriú é um ponto positivo para garantir a durabilidade do alargamento:
– No caso de Balneário, só é preciso usar areia compatível para que a obra dure.
Segundo o especialista, depois de pronta a obra deve passar por constante monitoramento, para avaliar se há erosão. Nesse caso, o engordamento é passível de manutenção.
Continua depois da publicidade