A megaobra de alargamento da faixa de areia da Praia Centra de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, está prevista para terminar em novembro. A parte final da obra, que consiste na movimentação de areia do mar para a orla, começou em agosto deste ano, porém, a prefeitura passou a pensar no projeto muito antes, em 2018.
O alargamento entrou no quilômetro final nesta segunda-feira (25). A expectativa, segundo a prefeitura, é que na primeira semana de novembro a obra esteja acabada, mas a parte Norte da praia ficará interditada por mais 20 a 30 dias para que os equipamentos sejam desmontados e retirados do local.
Para entender a obra do início ao fim confira os 10 pontos abaixo:
PROJETO – Um grupo de empresários criou uma associação sem fins lucrativos para pensar projetos na cidade. Eles contrataram uma empresa para fazer um projeto de alargamento da faixa de areia da Praia Central, conforme a prefeitura. Em fevereiro de 2018, o grupo doou esse documento ao município. – (Foto: PMBC, Divulgação)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL – Em abril de 2018, o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) aprovou a Licença Ambiental Prévia do projeto. Em outubro do mesmo ano, o município lançou processos licitatórios com o objetivo de cumprir as 42 condicionantes impostas pelo IMA. Foram feitas seis licitações com este fim, segundo a prefeitura. A Licença Ambiental de Instalação (LAI) foi dada pelo IMA em dezembro de 2020. Esse documento autorizou o início das obras. – (Foto: IMA, Reprodução)
EDITAL E CONTRATAÇÃO – O edital para a contratação de um consórcio para fazer a obra foi lançado em 2019. No ano seguinte, a licitação foi homologada. O vencedor do processo licitatório foi o consórcio DTA/Jan de Null, formado pelas empresas DTA Engenharia e Jan de Null do Brasil Dragagem. O custo da obra é de R$ 66,8 milhões. – (Foto: Arte NSC)
CHEGADA DA TUBULAÇÃO – Os tubos para a montagem da tubulação que leva a areia da draga até a orla da praia começaram a chegar em março deste ano. As estruturas foram espalhadas pela areia. Conforme a prefeitura, foi interditado um trecho de 1,5 quilômetro na praia para servir como canteiro de obras na parte Sul. No Norte, foi bloqueada uma área de 900 metros.Os tubos foram soldados uns ao outros e a tubulação do Norte foi juntada com a do Sul, formando uma estrutura de 2,2 quilômetros. Parte dos tubos fica em terra e outra, no mar. A estrutura dficou pronta em agosto, 15 dias antes da chegada da draga. A tubulação é formada por 360 tubos de 6 toneladas cada. – (Foto: PMBC, Divulgação)
CHEGADA DA DRAGA – A draga chegou em 22 de agosto. Ela é a embarcação responsável por tirar areia de uma jazida no fundo do mar, a 15 quilômetros da orla, e levá-la até a Praia Central. Com ela, começou a etapa mais visível da obra. Uma das pontas da tubulação foi acoplada à draga. Através da estrutura, a areia que foi buscada pela embarcação na jazida é levada até a orla. – (Foto: Divulgação)
APARIÇÃO DE CONCHAS – No início dos trabalhos com a draga, centenas de conchas apareceram na orla da Praia Central. O caso foi registrado em 25 de agosto. As conchas foram encontradas no trecho da Barra Sul. Para o professor de ecologia e oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Paulo Horta, o fenômeno teve relação com o trabalho de alargamento. Tudo indica que as conchas vieram junto com a areia extraída do mar.A Secretaria Municipal do Meio Ambiente da cidade monita a situação. Segundo a prefeitura, programas ambientais estão sendo realizados para que a “dragagem não interfira na vida marinha”. Quando o consórcio responsável pela obra percebeu que a areia estava vindo com muitas conchas, escolheu outro ponto da jazida e o aparecimento das conchas na orla não ocorreu mais. – (Foto: Dariane Peres, Reprodução)
PRIMEIRO TRECHO PRONTO – Em 17 de setembro, ficou pronto o primeiro trecho da praia, com dois quilômetros, entre a Rua 3700 e o molhe da Barra Sul. No dia 20 do mesmo mês a draga foi para o Paraná para abastecer pela primeira vez. Enquanto isso, os trabalhadores desmontaram a tubulação que seria utilizada no trecho norte. Esse primeiro trecho pronto foi liberado para os banhistas em 28 de setembro. – (Foto: PMBC, Divulgação)
MÁQUINA ATOLADA – Uma das máquinas utilizadas na obra, um trator de esteira, ficou atolada em 16 de setembro. Ninguém se feriu. A máquina foi recuperada e os trabalhos seguiram normalmente. O trator não conseguiu sair de um declive da areia ainda mole. O motorista saiu da cabine e foi retirado dali com a pá da uma retroescavadeira. A máquina foi tirada do local por um cabo.Segundo a prefeitura, o solo forma “bolhas” devido ao material dragado e a situação pode ser comum durante a operação de aterro hidráulico, não trazendo riscos. Além de máquinas, também pode haver acidentes com pessoas. Nesta terça (26), uma mulher ficou atolada na areia. Segundo a prefeitura, a área era restrita e estava sinalizada. A mulher não se feriu e precisou ser resgatada por um guarda-vidas. – (Foto: Redes Sociais, Reprodução)
AUTUAÇÃO – O município foi autuado pelo IMA em 28 de setembro por descumprir imposições do licenciamento ambiental e por executar a obra de forma diferente do projeto. No relatório, os técnicos afirmam que o município não avisou com antecedência sobre a mudança de projeto no trecho final da Barra Sul. Na região, a faixa de areia ficou com 180 metros, o dobro da largura prevista.Rubens Spernau, fiscal do contrato do alargamento pela Prefeitura, disse que o licenciamento foi feito por volume de areia, e não pelo “desenho” da orla. Segundo ele, a prefeitura tem licenciado 2,7 milhões de metros cúbicos, e a projeção é que serão aplicados 2,2 milhões, mesmo com a alteração geométrica. Haverá uma audiência de conciliação entre o IMA e o município em 27 de janeiro. – (Foto: Maria Eduarda Dalponte, Diário Catarinense)
MONITORAMENTO DE TUBARÕES – O número de tubarões vistos na orla de Balneário Camboriú desde o ínico das obras, em agosto, foi de 23 até domingo (24), de acordo o Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).A Prefeitura de Balneário de Camboriú monitora o aparecimento de tubarões e outros animais na orla da Praia Central. Segundo a secretária Municipal de Meio Ambiente, Maria Heloísa Lenzi, uma mudança no conjunto de seres vivos, flora e fauna que habitam naquela região já era esperada. Para o biólogo André Rodrigues Neto, a dragagem de areia do fundo oceânico traz o afloramento de espécies que vivem no fundo mar, ativando ainda mais o processo da cadeia alimentar. – (Foto: Reprodução)