Henrique
(Foto: NSC Total)

Há alguns dias, estava lendo um artigo escrito por Alan Mathison Turing sobre inteligência artificial e computação que, embora pareça mentira, foi escrito em 1950 (sim, você não leu errado!) e ele me trouxe algumas reflexões que gostaria de compartilhar com você. Para te inserir ao autor, caso ainda não o conheça, Turing foi pioneiro na inteligência artificial. Atualmente ele é conhecido como o pai da computação, mas seus trabalhos grandiosos foram desenvolvidos nas décadas de 30, 40 e 50. Durante a Segunda Guerra Mundial, Turing trabalhou para a inteligência britânica num centro especializado em quebra de códigos e por aí vai toda a sua belíssima biografia.

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Turing, que foi inspiração para o filme “O Jogo da Imitação” te convida a fazer uma reflexão sobre a pergunta: as máquinas podem pensar?

O texto Computing Machinery and Intelligence, que você pode ler na íntegra em inglês clicando aqui, é a tentativa de Turing de mostrar que uma máquina associada a tecnologias de valor pode perfeitamente tomar o lugar de uma pessoa em um diálogo e demais atividades, se seguir condições pré-estabelecidas.

Para que esta conclusão fosse tomada, Turing propôs um jogo em que seus participantes, um homem (A) e uma mulher (B), buscam dificultar o resultado da análise de um terceiro participante (C), cuja função é interrogá-los (A e B), para determinar, por meio da linguagem de ambos, quem é o homem e quem é a mulher.

O objetivo do participante A é dar respostas falsas para confundir o interrogador (C) a fim de que ele não acerte sua resposta. Por outro lado, a participante B precisa ajudar o interrogador, dando respostas corretas e tentando convencê-lo de que seu competidor (A) está mentindo.

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Dadas as regras, Turing propõe uma pequena alteração no jogo: a troca do participante A por uma máquina. Esta configuração nova do jogo é o que para Turing pode oferecer o contexto ideal para que a máquina desempenhe o que ele chama de “pensar”.

Desde o começo, ele deixa claro que seu objetivo é não é provar que as máquinas podem sim pensar, mas utilizar a inteligência artificial de maneira tão bem sucedida que a questão seja substituída por “E se a máquina desempenhasse tão bem o papel de A a ponto de o interrogador não se dar conta de que seu interlocutor é uma máquina, e não um ser humano?” e “O interrogador tomaria a decisão incorreta na mesma proporção em que o faria se o jogo fosse jogado entre um homem e uma mulher?”

No entanto, precisamos concordar que o conceito de apenas “copiar” o modo de falar de um humano não torna uma máquina igual a nós. Como a máquina imitaria a criatividade do falante? Como o problema dos níveis de linguagem seriam resolvidos?

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Podemos concluir que o modelo de máquina proposto por Turing é insuficiente para dar respostas a estas perguntas, pois o fato de a máquina funcionar apenas por meio de estímulos a impede de atuar como um ser humano. Deste modo, o funcionamento de uma máquina, por exemplo, um chatbot, seguirá instruções previamente fornecidas, mas não será suficiente para que ele atue como um ser humano.

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O resultado deste estudo acaba fazendo um paralelo muito bacana com o artigo sobre ética para bots, que eu recomendo a leitura caso ainda não tenha feito, onde falamos que os clientes (usuários) desta tecnologia precisam saber quando estão se comunicando com uma máquina e não com um ser humano real.

Precisamos entender que a inteligência artificial é nossa aliada, mas não uma substituta, e que, por trás de sua funcionalidade, existe um time de desenvolvimento rico em experiências e know-how. Afinal, mediante “a verdade”, bots éticos podem promover fidelidade à sua marca e otimizar muitos processos, reduzindo custos de operação, mas este movimento exige atenção.

*Henrique Bilbao é diretor comercial da Ezok.

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