Em menos de 15 dias, a presidente Dilma já avisou duas vezes que não vai renunciar. Um sintoma grave. É o retrato do agravamento diário da crise e da fragilidade do governo ao enfrentar o processo de impeachment no Congresso. O que está em jogo agora já não é mais a análise técnica de um pedido baseado nas pedaladas fiscais. Mesmo que não esteja no papel, o que pesa na decisão dos deputados é o ambiente político, alimentado pela delação premiada do senador Delcídio Amaral, pelas conversas de Dilma ao telefone com Lula e pelos malabarismos para fazer do ex-presidente um ministro. Como pano de fundo, a crise econômica que não dá trégua. Um ambiente que levou a um clima de repúdio ao governo com reflexos no plenário da Câmara. Acuada, Dilma eleva o tom e busca apoiadores. Reclamar do Supremo ou do juiz Sergio Moro é discurso que agrada à militância, mas não reverte os votos de aliados que começam a aderir, com empolgação, ao grupo do impeachment. Ouça o comentário:

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EXPERIENTE

Integrante da Comissão Especial que analisa o pedido de impeachment, o deputado Osmar Terra (PMDB-RS) convidou o deputado estadual e colega de partido Ibsen Pinheiro para atuar como consultor informal junto ao colegiado. Ibsen é esperado em Brasília na próxima semana. Ele era o presidente da Câmara quando houve o impeachment de Fernando Collor.

GUARDANDO LUGAR

O PMDB gaúcho anunciou o desembarque do governo federal, mas quem ocupa cargo de destaque prefere aguardar a decisão do diretório nacional para decidir se fica ou se pede para sair.

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LIGAÇÕES

A ligação de Anderson Dorneles, ex-assessor especial da presidente Dilma, com o Red Bar (Beira-Rio) nunca foi vista com bons olhos por aliados da presidente. Dorneles deixou o Planalto em fevereiro, alegando razões pessoais. Ontem, o sócio do bar, Douglas Rodrigues, foi um dos alvos da Lava-Jato.

BOLA AO CENTRO

Relator da Lava-Jato no STF, o ministro Teori Zavascki enviará à Procuradoria-Geral da República material das escutas envolvendo a presidente Dilma para que seja analisado se houve crime tanto da presidente da República quanto de Lula. Até que o STF decida qual é o juízo competente, caso fica sob a jurisdição do Supremo.