Depois de uma ofensiva de três semanas, o exército da Síria, apoiado por combatentes da milícia xiita libanesa Hezbollah, retomou o controle da estratégica cidade de Qusseir, na província ocidental de Homs, perto da fronteira com o Líbano.

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Situada entre a capital Damasco e o Mar Mediterrâneo, a pequena cidade funciona como ponto de passagem de armas e combatentes para as forças leais ao ditador Bashar al-Assad a partir do Líbano.

– O exército sírio controla totalmente a região de Qusseir, depois de ter matado um grande número de terroristas (como o governo se refere aos rebeldes) e ter capturado outros – disse o canal de TV Al-Ikhbariya.

Imagens veiculadas por emissoras de TV mostram soldados erguendo suas armas em frente a edifícios completamente destruídos, como a prefeitura e um centro cultural. Na praça central, uma bandeira da Síria foi hasteada. Não há um registro preciso do número de vítimas. A Comissão Geral da Revolução Síria fala de “centenas” de insurgentes mortos, e o Hezbollah lamentou a morte de dezenas de combatentes. O número de perdas entre as forças leais ao governo é desconhecido. A maior parte da população civil teria abandonado a cidade juntamente com os rebeldes, pouco antes da entrada das forças legalistas.

– É um revés para os rebeldes, mas não significa o fim da guerra – afirmou por sua vez Khattar Abou Diab, professor de relações internacionais da Universidade Paris-Sud.

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Em Washington, a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki, disse que os Estados Unidos, a Rússia e as Nações Unidas haviam chegado a um consenso de que o objetivo da conferência de Genebra-2, prevista para julho na Suíça, seja formar um governo de transição na Síria no qual “nenhum poder executivo seja deixado para o regime de Bashar al-Assad”. Não há certeza, porém, sobre um acordo entre os participantes da negociação. O regime concordou, em princípio, em participar da conferência, enquanto a oposição exige como pré-condição a renúncia de Al-Assad.

O conflito no país já causou mais de 94 mil mortes e provocou a fuga de 5 milhões de pessoas desde março de 2011, segundo a ONU. Isso sem contar os desaparecidos nas prisões dos dois lados em conflito, que já superariam o número de 12,5 mil pessoas.

Conferência sobre crise é adiada

Os Estados Unidos e a Rússia adiaram a conferência de paz destinada a negociar a transição para o fim do conflito na Síria. Entre os motivos que impedem que o encontro ocorra, estão o impasse na representação da coalizão opositora e a presença do Irã no encontro. A conferência foi proposta após acordo entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, em maio. A intenção era fazer um evento que contasse com as potências e de grupos de países do Oriente Médio para dar fim à crise síria.

Segundo o vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, a oposição síria não decidiu sobre a participação no evento e também não determinou quem serão os representantes. Os rebeldes enfrentam um impasse para incluir novos membros, devido à resistência de grupos islâmicos à maior representação de correntes liberais. O representante de Moscou também afirmou que ainda não há acordo entre os países participantes sobre o formato que terá o encontro. Outro ponto de discordância é em relação à presença do Irã, aliado de Al-Assad, e da Arábia Saudita, que dá apoio aos rebeldes.

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Teerã é rejeitado por países ocidentais, como França e Grã-Bretanha, além de Turquia, Catar e Arábia Saudita, que respaldam os rebeldes. Para os russos, chineses e o regime sírio, porém, os sauditas devem ficar de fora por fornecer armas aos opositores.

Por sua vez, o enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, disse que a principal divergência é no “componente sírio”. Ele recomendou que os dois lados reconheçam a necessidade de um processo de transição e da formação de um governo de coalizão. Confirmou que representantes da organização, da Rússia e dos EUA se reunirão no dia 25 para marcar uma nova data.

– Essa conferência não pode ser realizada em junho, mas espero que aconteça em julho – disse.

Antes disso, o regime sírio informou que continuará a luta contra os rebeldes, a quem chama de terroristas, após retomar o controle de Qusseir.

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Em comunicado divulgado pela agência de notícias Sana, o exército sírio acusa países ocidentais e Israel de dar apoio aos rebeldes e desestabilizar o país. O comando rebelde afirmou que pretende continuar as batalhas em outras frentes, embora tenham perdido o controle de Qusseir.