A situação extrema desta terça-feira (20) com a derrota do Figueirense para o Cuiabá por W. O após os jogadores do alvinegro decidirem não entrar em campo em protesto contra o atraso no pagamento de salários foi o mais novo capítulo de uma crise que se arrasta há meses. O enredo ganhou contornos mais tensos nos últimos dias depois que os jogadores se recusarem a treinar.

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Confira abaixo fatos recentes que já sinalizavam as dificuldades financeiras do clube:

– A recusa de entrar em campo começou a se anunciar na sexta-feira, quando os atletas do Figueirense não se reapresentaram após a derrota para a Ponte Preta. Desde então, de sexta a domingo os jogadores não treinaram.

– Na segunda-feira, havia a expectativa de que os atletas sequer embarcassem para Cuiabá (MT), local do jogo desta quarta, mas o embarque ocorreu, em clima de incerteza sobre se os atletas entrariam ou não em campo.

– No início do mês, o goleiro Dênis conseguiu rescindir o contrato por justa causa em função do não recolhimento de Fundo de Garantia (FGTS) por parte do clube.

– As dificuldades financeiras atrapalham o clube durante toda a campanha na Série B do Brasileiro. O técnico Hemerson Maria deixou o clube em julho após dar sucessivas entrevistas com críticas fortes à situação e à diretoria do clube, chamando a atenção para a situação dos atletas.

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– Para o lugar de Hemerson Maria, foi contratado Vinícius Eutrópio, velho conhecido da torcida. O ex-treinador Antônio Lopes também desembarcou no Estreito para assumir a diretoria de Futebol.

– No final de julho, após treinamentos cancelados por protestos de jogadores contra os atrasos de salários que já aconteciam, a diretoria do Figueirense elaborou um termo de acordo com a empresa Elephant, que administra o departamento de futebol do clube. Na ocasião, o clube anunciou o pagamento dos salários atrasados deste ano e ajustes no contrato firmado com a empresa em 2017. A intenção do termo era colocar em dia as folhas de pagamento e planejar a quitação de débitos anteriores a 2018. Os jogadores, no entanto, alegaram à época que ainda havia direitos de imagens em aberto.

– Ainda em maio, o ídolo Fernandes deixou a diretoria do clube dizendo não acreditar mais no projeto. Na época, o clube já enfrentava dificuldades financeiras, a ponto de notificar o comando da empresa que gere o futebol para regularizar as pendências do contrato em 60 dias.

– Desde 2017, o futebol do Figueirense é administrado por uma empresa, que tem as ações fiscalizadas pelos conselhos fiscal, administrativo e deliberativo do clube.

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Análise de Hemerson Maria

Na noite desta terça-feira (20), após vitória do time que treina desde o mês passado, o Botafogo-SP, o técnico Hemerson Maria comentou a crise no Figueirense. Disse que a possibilidade de W.O. já havia sido cogitada na partida contra o Vitória, quando ele decidiu pedir para sair do clube, o que teria evitado a decisão.

Hemerson citou ainda casos como o do goleiro Denis, que teria ficado 12 meses sem receber direitos de imagens, e que a situação provoca consequências para outros atletas, como ações de despejo e até mandados de prisão por não pagamento de pensão, já que os salários e direitos de imagem não são pagos. O treinador encerrou a fala lamentando a situação e ressaltando que o clube, onde treinou dos 7 aos 20 anos, foi fundamental na formação dele como atleta e como treinador.

O técnico ainda saiu em defesa dos jogadores e cobrou explicações dos dirigentes, que segundo ele seriam os principais responsáveis pela atual crise.

Leia também: Figueirense não entra em campo e W.O repercute nas redes sociais

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