O ano de 2015 será de fortes ajustes de preços, tanto de combustíveis como de energia elétrica, entre outros itens. Crescimento econômico no Brasil neste ano a taxas superiores a 2,5% implica elevação da inflação. O dólar vai chegar a R$ 2,60 perto das eleições de outubro.
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A confiança das indústrias mantém-se em queda e há dúvidas sobre o abastecimento de energia para o futuro. Tudo isso em meio a um processo gradual de recuperação da economia nos países industrializados. Agora, o risco global chama-se China. Lá, a expansão caiu bastante.
A análise é do economista sênior do Banco Safra, Marcos de Marchi, em palestra realizada na última segunda-feira para mais de cem empresários na Associação Empresarial de Joinville (Acij).O BRASIL
– O cenário econômico no Brasil é preocupante. Projetamos crescimento do PIB entre 1% e 1,8% neste ano. O desempenho da indústria e os investimentos são ruins. A confiança da indústria não para de cair, tanto no indicador de cenário atual, quanto no de expectativas futuras. A produção, em dezembro de 2013, foi menor que a do mesmo mês de 2010.
CONSUMO
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– O consumo continua crescendo ao longo dos últimos sete anos. Há dois fatores favoráveis: taxa de desemprego abaixo de 5% e maior massa salarial. Mesmo assim, o mercado de trabalho cresce menos do que há alguns anos. O desemprego baixo ganha qualquer eleição e a inflação se combate depois. A taxa de desemprego é calculada em apenas seis capitais de Estados. O IBGE vai mudar a metodologia, ampliando, nos próximos meses, a pesquisa para importantes municípios do interior.
MÃO DE OBRA
– A economia informal diminuiu muito, embora ainda seja elevada. Aconteceu importante movimento de formalização de trabalhadores. De 2002 a 2010, o País cresceu com oferta enorme de mão de obra. A expansão da economia “consumiu” estes trabalhadores. Já falta gente para trabalhar. Isso tem efeitos nos custos empresariais e é um dos motivos da inflação.
PIB POTENCIAL
– O PIB potencial do Brasil – crescer sem gerar inflação – é baixo. Hoje, se o País crescer acima de 2,5% ao ano, vai gerar inflação. O cenário para investimento não é favorável. Haverá aperto no crédito. Mas o crédito imobiliário ainda vai aumentar a taxas robustas, mesmo que os preços dos imóveis subam a taxas menores.
CRÉDITO
– As concessões de crédito estão desacelerando, mas a inadimplência também cai. Conclusão: a demanda por crédito está fraca. Na outra ponta, os juros sobem e já atingem o tomador final. O consumo vai desacelerar. Outro fator negativo é que os empréstimos feitos pelo BNDES caem. As aprovações de crédito pelo banco desabaram desde janeiro do ano passado. Significa que o nível de investimento das companhias está bastante fraco.
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ENERGIA
– Os recursos hídricos em reservatórios estão perto dos níveis de 2001, quando houve o apagão. Este dado assusta os investidores. Outro problema é a Petrobras. O preço do combustível está represado. E vai aumentar depois das eleições. O ajuste de preços virá no começo do próximo ano.
CÂMBIO
– O câmbio tem de se desvalorizar. Ao final deste ano, o dólar deve valer R$ 2,45. Antes, perto das eleições, pode saltar para R$ 2,60. E, em 2015, não será surpresa se chegar a R$ 2,65.
INFLAÇÃO
– A inflação tende a permancer alta, sem perspectivas de recuo. A taxa pode rodar ao redor dos 6,5% ao ano, que é o teto da meta fixada pelo governo. Os alimentos, que são componentes importantes no IPCA, seguram a inflação. Mas as próximas colheitas não serão tão boas e isso vai pressionar a inflação. O IPCA pode ficar em 6,3% no ano.
2015
– Teremos aumento de receita federal, corte de despesas e elevação de impostos, com menos desembolsos por parte do BNDES e taxa de juros em alta. A boa notícia é para o exportador: o câmbio vai se desvalorizar.
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RECUPERAÇÃO
– A indústria, no mundo, está se recuperando neste ano na comparação com dados dos dois anos anteriores, quando tinha perdido fôlego. A novidade é que, desta vez, a expansão é puxada pelos países desenvolvidos, e não mais pelos emergentes. Estados Unidos, Japão e países europeus comandaram o crescimento. Em 2013, o PIB global cresceu 2,5%, e a expectativa para 2014 é de alta de 3%. Os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) crescem menos. A Europa vai contribuir mais para o resultado. No ano passado, se contraiu 0,4% e deve crescer 1% em 2014.
FAMÍLIAS AMERICANAS
– O consumo das famílias americanas responde por 70% do PIB dos Estados Unidos. Como o PIB deles corresponde a um quarto da riqueza global, então o consumo dos americanos participa com 20% da riqueza gerada no mundo. O patrimônio líquido das famílias norte-americanas se valorizou. Inclui índices de ações em bolsa e imóveis. O valor dos imóveis sobe e os investimentos vão subir neste ano.
EUROPA
– A Alemanha melhorou e a França dá sinais de recuperação, mas o nível de emprego ainda é fraco nos países periféricos, como Espanha, Portugal e Grécia. De todo modo, parou de piorar.
CHINA
– A indústria na China está desacelerando o crescimento. A China é o risco global neste momento. Emite sinais de relativa fraqueza, apesar de crescer 7% ao ano. As exportações chinesas caíram 20% em fevereiro. A crise geopolítica na Ucrânia não vai afetar o cenário econômico mundial.
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