Um comboio de ajuda humanitária chegou nesta segunda-feira à cidade síria de Madaya, perto de Damasco, onde a população está à beira da fome depois de seis meses de sítio do exército sírio.

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“Dois caminhões transportando alimentos e dois outros carregados de cobertores entraram por volta das 17h00 (13h00 no horário de Brasília) em Madaya”, 40 km a oeste de Damasco, afirmou à AFP um funcionário da organização Crescente Vermelho sírio (SARC, na sigla em inglês).

No mesmo momento, três caminhões entraram em Fua e três outros em Kafraya, duas localidades xiitas sitiadas pelos rebeldes na província de Idleb (noroeste), a mais de 300 km de Damasco, segundo uma fonte no terreno.

“A operação durará alguns dias. É uma abertura muito positiva, mas não devemos nos limitar a uma única distribuição. Devemos ter um acesso constante a estas zonas”, avaliou Marianne Gasser, dirigente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Síria.

“Mais de 400 mil pessoas vivem nestas zonas sitiadas na Síria e sua situação é desesperadora”, acrescentou.

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Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), 28 pessoas morreram de fome desde 1º de dezembro em Madaya, onde os habitantes descreveram cenas de desespero, com pessoas obrigadas a comer mato ou a pagar preços exorbitantes pela escassa comida que entra na cidade.

Um comboio humanitário de 44 caminhões que saiu de Damasco pela manhã chegou na tarde desta segunda-feira a Madaya, onde cerca de 42.000 pessoas vivem sob o cerco das forças do regime há seis meses.

Outros 21 caminhões se dirigiram a Fua e Kafraya.

Os caminhões enviados pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA), pelo CICV e pelo Crescente Vermelho sírio transportaram comida, água, leite para bebês, cobertores, medicamentos e material cirúrgico.

Catorze crianças mortas

Nas redes sociais foram divulgadas nos últimos dias fotos e vídeos de crianças em estado de desnutrição extrema em Madaya, mas os defensores do regime negam a gravidade da situação e afirmam que as imagens foram manipuladas.

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A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) afirmou que a situação é menos dramática em Fua e em Kafraya porque a aviação do regime lançou ali carregamentos com comida. No entanto, os rebeldes não puderam fazer o mesmo em Madaya.

A última vez que um comboio humanitário conseguiu entrar nestas cidades foi em 18 de outubro, após um acordo entre os beligerantes.

O Conselho de Segurança da ONU abordará nesta segunda-feira o tema em Nova York, mas não se espera nenhuma decisão.

Os Estados Unidos exigiram nesta segunda o acesso completo à ajuda humanitária, enquanto o Reino Unido pediu um fim aos cercos a estas cidades.

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Por outro lado, ao menos 14 crianças e cinco adultos morreram na segunda-feira na Síria em um ataque da aviação russa contra uma escola situada em uma localidade rebelde da província setentrional de Aleppo, segundo o último balanço do OSDH.

O OSDH informou que houve intensos ataques aéreos e combates entre o governo e as forças rebeldes desde o domingo na província, controlada por um conjunto de grupos rebeldes moderados e islamitas.

A Rússia, um dos principais aliados de Assad, começou em setembro uma campanha de bombardeios para apoiar o regime sírio. O Kremlin sempre assegurou que seu alvo era o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e outras organizações “terroristas”, qualificando de “absurdas” as acusações de que seus ataques mataram centenas de civis.

Em Ashrafiyé, barro do norte da cidade de Aleppo controlado pelo governo, três crianças morreram atingidas por disparos de foguetes lançados por rebeldes, informou o OSDH.

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Mais de 260 mil pessoas morreram desde o início do conflito sírio, em março de 2011.

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