A terapeuta – e também madrasta – Roberta Palermo lançou dois livros sobre o tema e há mais dez anos criou um fórum na internet para que madrastas pudessem compartilhar suas experiências e trocar conselhos sobre como lidar com a resistência dos enteados ou as críticas das ex-mulheres de seus atuais namorados ou esposos. Confira a história e as dicas da profissional na entrevista que ela concedeu:

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Como surgiu a ideia para escrever o primeiro livro, Madrasta – Quando o Homem da sua Vida já Tem Filhos?

Roberta Palermo – Eu lancei o primeiro livro, Madrasta – Quando o Homem da sua Vida já Tem Filhos, em 2002. Quis contar a minha experiência como enteada, que foi muito difícil, e sobre a experiência como madrasta, que deu muito certo. Queria mostrar para outras mulheres que, apesar de muitas vezes ser complicado, poderia dar certo. Com a publicação desse livro, lancei o Fórum das Madrastras, no site www.robertapalermo.com.br. No Fórum, as madrastas relatam suas experiências e trocamos muitas ideias, há muita ajuda. Depois de sete anos, lancei o 100% Madrasta – Quebrando as Barreiras do Preconceito, no qual relato todas essas situações que pouco dependem da boa atitude da madrasta. Na verdade, a maioria das soluções está nas mãos do pai! Espero que eles leiam e percebam que precisam ajudar a madrasta para que tudo dê certo.

Você poderia contar brevemente sobre sua experiência como madrasta e sobre como lidou com situações mais delicadas?

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Roberta – Eu procurei sempre participar de maneira positiva. Fazer o bem, não importa a quem. Fazer a minha parte. As crianças era bem pequenas, tinham um e quatro anos, o que facilitou. Meu marido era um pai presente que não tinha dó dos filhos e os educava muito bem. A ex-esposa, por sua vez, nunca falou mal do pai e de mim para as crianças. A boa relação não depende só da madrasta. Deu tudo muito certo porque os três adultos estavam maduros para dar conta do recado. Uma das situações mais delicadas foi escutar meu enteado dizer que a comida da mamãe é mais gostosa, que a mamãe é melhor nisso, naquilo. A criança quer incluir a mãe naquele contexto, pode ser bem difícil. Sempre digo que na hora sobe um quentão por dentro, mas não podemos demonstrar para a criança que aquilo incomoda, pois nem sempre ela fala para criar atrito e, sim, para incluir o ente ausente. Então eu respondia: – A mamãe cozinha bem? Que delícia! – ou – Eu também acho a mamãe muito bonita – , e mudava de assunto.

Você também teve uma madrasta. Como foi sua relação com ela? Usou isso como experiência ao lidar com seus enteados?

Roberta – A minha relação com minha madrasta foi muito ruim porque ela tinha ciúme de mim quando eu estava com meu pai e não se controlava. Com ela, eu aprendi tudo o que eu nunca poderia falar ou fazer com os meus enteados. A criança precisa ter a oportunidade de ter o pai presente, e a madrasta que colabora para que isso aconteça ajuda muito.

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O que a levou a fundar a associação de madrastas? Quantas mulheres participam?

Roberta – Eu criei o Fórum das Madrastas e a Associação das Madrastas e Enteados (AME) para ter um espaço virtual para conversarmos diariamente. E é assim que funciona! Muitas madrastas, ex-esposas, pais e enteados conversam diariamente para trocar ideias e ajudar em suas angústias do dia a dia. Temos participantes que escrevem, outros que só leem as postagens. Hoje, são 3.230 cadastrados.

Quais são as atividades que a associação realiza e onde ela atua?

Roberta – Todas as atividades são realizadas no Fórum das Madrastas. O bate-papo acontece diariamente pela internet.

Quais são as queixas mais comuns das associadas ou das madrastas que a procuram?

Roberta – A mais comum é o comportamento inadequado do pai. Quando ele tem medo da ex-esposa e dó das crianças. Nesse caso, ele aceita viver sob chantagens e não educa os filhos. Isso causa um grande transtorno na vida da madrasta.

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Quais dicas são essenciais para uma madrasta?

Roberta – Ter paciência com o namorado/marido e não criticá-lo, mas ajudá-lo a não ter medo da ex e entender a importância de educar os filhos, mesmo que os encontre apenas nos fins de semana, a cada 15 dias. Além disso, nunca falar mal da mãe para a criança e não entrar em atritos desnecessários.

Por que acredita que as madrastas ganharam o estigma de más? E como mudar isso?

Roberta – Os contos de fada começaram o trabalho, pois mostravam sempre madrastas más que chegavam para substituir a mãe da criança após seu falecimento. Nos dias de hoje, está claro para a madrasta que ela não vai substituir a mãe e, sim, participar paralelamente dessa família. Muitos ajustes precisam ser feitos e, por isso, a madrasta precisa de ajuda para não cometer erros básicos. O livro ajuda, o Fórum também e as madrastas não se sentem sozinhas nessa caminhada.