Se no volume de vendas o Brasil faz parte da elite global, na questão da segurança corre o risco de dar marcha a ré. Enquanto o Brasil titubeia na adoção obrigatória de freio ABS e airbag, esses equipamentos de segurança já são básicos há vários anos em países de Primeiro Mundo, e na vizinha Argentina serão obrigatórios a partir de janeiro de 2014. Na última quarta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que a exigência de airbag e freio ABS em todos os carros produzidos no país a partir de janeiro próximo pode ser prorrogada em dois anos.
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– Isso é um retrocesso quando se fala em segurança veicular e viária – afirma o gerente técnico de pesquisa do Centro de Experimentação e Segurança Viária, Emerson Feliciano.
Pesquisa da entidade mostra que, entre 2001 e 2007, o uso do airbag, acionado no momento da colisão, poderia ter evitado a morte de 3,4 mil pessoas no país, além de outros 10 mil feridos.
– Estudos mundiais mostram que o cinto de segurança reduz em 42% as mortes de passageiros e motoristas. E com o cinto de segurança e o airbag, sobe para 52% – diz Decio Assaf, membro da comissão técnica de segurança veicular da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil) .
O ABS, explica o especialista, garante um espaço de frenagem menor por evitar o travamento das rodas e possibilita que o veículo seja desviado sem a perda de controle pelo condutor.
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Ao contrário da Europa, onde a postura exigente do consumidor fez com que fossem desnecessárias leis obrigando a inclusão dos dois itens nos automóveis, no Brasil, a falta de conscientização levou a um avanço tímido do ABS. Estudo do Cesvi mostra que, de 2008 a 2012, o percentual de modelos que não têm sequer uma versão com o freio mais seguro caiu apenas quatro pontos percentuais, para 16%.
Uma das preocupações do governo é de que, com os dois equipamentos, os automóveis ficariam mais caros.
– E quanto custa uma vida? – questiona Assaf.
A imposição de airbag
Nos EUA, é obrigatório desde 1998.
Na União Europeia, desde 2007 é item básico.
Na Argentina, será obrigatório a partir de janeiro de 2014.
Estudos mostram que…
…cinto de segurança reduz em 42% as mortes de motoristas e passageiros
…airbag e cinto de segurança diminui as mortes em 52%