Ainda superando preconceitos, trabalho do psicólogo aos poucos passa a ser visto como direito do cidadão

A Psicologia como carreira ainda é uma profissão jovem no Brasil. Em 2013, completa 51 anos de regulamentação. Apesar de não estar livre de alguns preconceitos, criados a partir da ideia de que o psicólogo é alguém que lida com pessoas “problemáticas e malucas”, na última década tem sido vista com outros olhos pela sociedade. É o que observa a coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Magda do Canto Zurba, para quem os serviços oferecidos pelo profissional que se forma na área deixaram de ser vistos como artigo de luxo e passaram a ser considerados questão de saúde e um direito do cidadão.

Tentar compreender o ser humano para, de alguma forma, ajudá-lo a lidar com situações e emoções não é tarefa nada simples, mas de extrema importância e muito gratificante para esses verdadeiros altruístas de plantão. Joana Ferreira di Migueli, psicóloga que atua no atendimento de pacientes na Clínica Menino Deus, em Florianópolis, conta um pouco sobre sua experiência.

Opções de atuação

Além do atendimento clínico, é possível trabalhar no setor público, em postos de saúde, hospitais ou em CREAS (Centros de Referência Especializados de Assistência Social); nos departamentos de recursos humanos de empresas; com psicologia escolar, jurídica ou esportiva.

O que é mais gratificante

Para Joana di Migueli, ver o amadurecimento das pessoas e observar como o ser humano tem capacidade de resolver conflitos e superar situações difíceis é o mais gratificante para um psicólogo.

O que é mais difícil

Quando a pessoa em acompanhamento psicológico não consegue se sentir melhor, e chega até mesmo a desistir do tratamento, é uma grande decepção para esse profissional.

Do que precisa gostar

Para quem quer seguir na carreira, é importante ter empatia: perceber o sofrimento do outro, mas não sofrer junto. Gostar de ouvir as pessoas é outra característica essencial ao psicólogo. A professora Magda Zurba destaca que gostar de ler ajuda o aluno a se dar bem durante o curso. Para o profissional formado, estar bem informado é uma grande vantagem, já que tudo o que ocorre ou está “em alta” na sociedade chega para o psicólogo por meio das pessoas.

Disciplinas e tempo de duração

O curso de graduação da UFSC tem duração de dez períodos. Fazem parte da grade curricular disciplinas de filosofia, sociologia e biologia relativa, principalmente, ao sistema nervoso humano, e matérias mais focadas, como psicologia cognitiva e clínica psicanalítica.

Mercado de trabalho

Apesar da alta demanda por atendimento clínico, resultado do aumento de índices de depressão e ansiedade, muitos profissionais se formam no país, o que eleva a concorrência. É interessante buscar cursos de pós-graduação para se especializar em alguma área. O setor de saúde pública tem crescido, devido a políticas públicas, mas ainda remunera mal.

Salário inicial

De acordo com o Sindicato dos Psicólogos de Santa Catarina (SinPsi-SC), não existe piso salarial regulamentado no Estado, mas o sindicato estabeleceu um indicativo de seis salários mínimos (R$ 4.068) para jornada de 30 horas. O valor se baseia em estudo feito pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos).