A indesejável convivência com enxurradas faz parte do calendário dos moradores da comunidade do Jativoca, no Bairro Nova Brasília, em Joinville. Distante oito quilômetros do Centro da cidade, o local é cercado por pequenos canais de água que desembocam no Rio Águas Vermelhas. Em dias de grandes quantidades de chuva, estes espaços transbordam e invadem as casas próximas. Foi o que ocorreu na manhã de quarta-feira, depois dos acumulados elevados de terça-feira.

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Nesta quinta-feira de manhã, 24 horas depois do transbordamento, ainda havia água nas principais ruas da localidade. Passar por lá somente em meio à água. A necessidade, aliada à coragem, fez alguns moradores atravessarem pela Rua Wally Vollmann para sair da área alagada. O melhor jeito encontrado por parte deles foi arregaçar as calças e molhar só parte das roupas.

Os alagamentos desta semana, contam os moradores, foram menores dos que os ocorridos em 2008 e 2010, por exemplo. Mas, assim como os outros, o atual trouxe perdas materiais em boa parte das casas da região. O catador de material reciclável, Osvaldo Brescoviski, 60 anos, ainda calcula os prejuízos. A água molhou papelões recolhidos nas ruas da cidade no últimos dias.

O material todo é avaliado em R$ 400, dinheiro usado pelo catador para passar o mês. Mesmo com a ajuda do filho, Brescoviski precisa do valor. Com a chuva indo embora, ele agora pretende aproveitar o sol para secar o reciclável e tentar vender o que sobrou.

— Algumas coisas atingidas não têm mais como usar. Já vieram dizer para eu me mudar daqui, mas não tenho outro lugar.

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Perto dali, João César Gonçalves lamenta não ter ouvido a esposa. Ela avisou que a chuva viria e poderia trazer problemas, mas o marido a ignorou. Perto das 9h de quarta-feira a água entrou na casa da família. A malharia nos fundos da residência ficou danificada. Só os equipamentos resistiram porque foram erguidos do chão.

Funcionário público dorme sobre a mesa

Servidor na secretaria de Educação de Joinville, Olavo Kich, precisou improvisar para dormir na última noite. A casa dele, na Avenida Francisco Alves, na Jetivoca, ficou totalmente inundada. O jeito foi deitar na mesa para descansar:

— Não adianta, vou ter que arrancar as portas todas. Tenho medo de ligar a geladeira por causa da água que entrou. Não vou comprar mais nada, não adianta — lamentou o funcionário público enquanto caminhava pela casa totalmente alagada.

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