Forte coceira na cabeça, irritação na nuca e na parte de trás das orelhas são alguns dos sintomas mais comuns da infestação por piolhos, o Pediculus capitis. Caso não seja tratado da forma correta, o mal, que acomete principalmente crianças em idade escolar, pode desencadear problemas sérios, como anemia ou infecção.

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Porém, uma pesquisa feita pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) constatou que, mais do que prejudicar a saúde física, a pediculose abala a autoestima e impacta diretamente no rendimento das crianças em sala de aula. Uma entrevista feita com 100 famílias de escolas públicas de Botucatu (SP) revelou que 92% dos pais ouvidos notaram que os filhos com piolho sofriam preconceito, enquanto 60% acreditavam erroneamente que o parasita transmitia doenças, voava, pulava e afetava o sono. O uso frequente de produtos impróprios para o tratamento da pediculose, como inseticidas, gasolina e querosene, também surpreendeu os pesquisadores.

O preconceito, segundo o biólogo Newton Madeira, do Departamento de Parasitologia do Instituto de Biociências da Unesp, foi um dos quesitos relatados que mais preocuparam os pesquisadores.

– Os apelidos pejorativos dados por coleguinhas de sala de aula abalam bastante a autoestima. Com isso, há aumento do estresse, que se reflete diretamente nas relações sociais e no aprendizado – diz Madeira.

É bom esclarecer que o piolho passa de uma cabeça para outra pelo contato direto entre os fios de cabelo. Um abraço apertado entre dois indivíduos, por exemplo, já é o suficiente para que ocorra a infestação. O compartilhamento de objetos como bonés, roupas, pentes, escovas de cabelo ou presilhas também deve ser levado em conta.

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– O piolho se alimenta de sangue e, nas regiões da nuca e por trás da orelha, ele encontra um ambiente propício. A picada deixa feridinhas, que são entradas de bactérias e, por isso, há possibilidade de infecções – explica o pediatra e presidente do Departamento de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Rubens Leite.

De acordo com ele, o piolho se adere com maior facilidade a cabelos crespos. Até hoje, porém, não há explicação científica para o fato de algumas crianças serem menos suscetíveis ao problema do que outras.

Saiba mais

::: PIOLHO

São parasitas que se hospedam no couro cabeludo ou no corpo dos seres humanos. As lêndeas, ovos que dão origem ao parasita, são de cor branca e podem ser confundidas com a caspa. Entretanto, a lêndea fica grudada no fio.

::: SINTOMAS

? Coceira intensa, que começa assim que o parasita pica o couro cabeludo para se alimentar. São as substâncias da saliva do piolho que provocam essa reação

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? Anemias e infecções em casos mais graves

? Irritação do couro cabeludo, podendo surgir erupções na nuca, acima e atrás das orelhas, acompanhadas, nos casos mais graves, de aumento de gânglios linfáticos (as chamadas ínguas)

::: TRATAMENTO

Pode ser feito com o auxílio de um pente fino e uso de produtos adquiridos em farmácias, como xampus, loções receitadas por pediatras. Uma das formas mais eficazes, porém radical, é partir para o corte de cabelo curto (raspagem)

::: OUTRAS AÇÕES

? Ferva ou enxágue com água quente a roupa de cama de quem estiver com a infestação e depois passe tudo com ferro bem quente

? Limpe bem as escovas e pentes usados para retirar os piolhos e deixe-os separados dos objetos usados pelas demais pessoas da casa

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? Não afaste seu filho da creche ou da escola. Trate-o o quanto antes e informe à instituição e às mães de outras crianças.