Quem aproveitou a manhã de quarta-feira para caminhar pela areia da Praia da Atalaia em Itajaí teve que desviar de águas vivas. Os organismos marinhos surgiram aos montes e deixaram a areia coberta. Apesar de causarem preocupação aos banhistas, as encontradas ali não provocam as populares queimaduras, que na verdade são um tipo de envenenamento.

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De acordo com o Corpo de Bombeiros a espécie presente na Atalaia é a racostoma atlanticun, que não queima. Isso, porém, não significa que os banhistas devem ter contato com o animal marinho. Isso porque é difícil identificar se uma água viva é nociva ou não. Coordenador de praia da corporação e oceanógrafo, o soldado Daniel Ribeiro explica que só especialistas conseguem identificar quais espécies causam queimaduras e que algumas se assemelham muito as racostoma, mas queimam.

Ribeiro explica que o surgimento das águas vivas perto da costa ocorre em função de uma série de fatores naturais. Um deles são as correntes marinhas que transportam os organismos:

– De modo geral, as águas vivas não têm habilidade de natação, por isso ficam à mercê das correntes. As únicas que se locomovem um pouco são as caravelas.

O aparecimento dos organismo ocorre em grupos por que vivem juntos. Para o oceanógrafo, o aparecimento de águas vivas é comum em todas as épocas do ano, mas se nota mais a presença delas nas praias durante o verão em função da quantidade de banhistas.

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A opinião do oceanógrafo e responsável pelo laboratório de ecotoxicologia da Univali, professor Tharride Resgalla Júnior, é diferente. O especialista diz que existem estudos apontando que as aparições ocorrem mais na primavera e no fim do verão, quando as águas vivas se reproduzem. Essas análises, porém, ainda não são conclusivas para todas as espécies.

As águas vivas mais comuns nas praias da região são a racostoma, a caravela (physalia physalis) e a reloginho (olindias sambaquiensis). Essas últimas causam envenenamento, sendo que a da caravela é mais severa. Popularmente as pessoas costumam chamar a reação provocada pelas toxinas liberadas pelas águas vivas de queimadura, isso devido à ardência. Mas o correto é tratar como envenenamento, conforme Resgalla.

Itajaí ainda não registrou queimaduras por água viva neste ano. Durante a temporada, segundo o soldado Ribeiro, foram cinco casos registrados em dezembro. Em Balneário Camboriú não houve registros de queimaduras nesta temporada.

Como agir em caso de queimadura

O banhista envenenado por água viva deve imediatamente procurar o posto salva-vidas mais próximo. Lá os socorristas guardam vinagre, que ajuda a minimizar os efeitos da popular queimadura.

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– A queimadura é básica e o vinagre é um ácido leve, por isso neutraliza – explica Ribeiro.

O que nunca se pode fazer é coçar o local do envenenamento ou passar água doce e muitas pessoas incorrem nesse erro. Tanto um quanto o outro método podem agravar a queimadura.

O coordenador explica que quando a queimadura ocorre a pele fica com cápsulas do veneno da água viva que não se rompem. Coçando ou jogando água doce essas cápsulas estouram e aumentam a queimadura. O contato com a água do mar, por outro lado, não é nocivo porque tem a mesma composição da água viva.