O que tinha para ser uma manhã de lazer à beira mar virou dor de cabeça para banhistas e moradores da praia do Campeche, Sul da Ilha. Resultado de uma mancha escura na água que corre em direção ao mar, na altura da Avenida Pequeno Príncipe. A coloração e o mau cheiro preocupam quem passa pelo local. Sem saber do que se trata, comunidade reuniu-se no final da manhã de sábado para conversar sobre o problema.
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O assusto não é novidade. Na quinta-feira, voluntários da ONG Instituto Sea Shepherd Brasil, Núcleo Santa Catarina, percorreram a praia para identificar pontos da praia onde há indícios de poluição. No domingo, eles coletaram amostras da água escura em três pontos no Campeche, e também nas praias da Armação e Matadeiro. O objetivo é atestar que a água está contaminada e por quais tipos de substância. O resultado será divulgado em sete dias úteis após a coleta.
— Suspeitamos que aquela vala perto da Pequeno Príncipe foi aberta para secar um terreno alagadiço de restinga que tem atrás — disse o coordenador do núcleo catarinense do Sea Shepherd Brasil, Luiz Faraoni.
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Inicialmente, os frequentadores imaginavam que a água seria da chuva. Agora, a suspeita de que se trate de esgotos sendo jogados diretamente para as águas da praia. Conforme a Intendência da Praia do Campeche, a abertura da saída para o mar foi uma decisão da Defesa Civil.
MANIFESTAÇÃO NO DIA 5 DE MARÇO
Durante a reunião da comunidade, moradores optaram por realizar no próximo sábado (5/3), a partir das 9h, um encontro pacífico com o objetivo de conversar sobre o problema e manifestar a indignação e constrangimento por ter a praia poluída.
— A água preta não é o problema. A coloração significa resíduo de matéria orgânica. O problema é o volume diário. De onde vem? Não tinha isso. A água está poluída com esgoto secundário. A drenagem pluvial está recolhendo de ligações clandestinas — diz o engenheiro sanitarista e professor Daniel Silva, morador do bairro há mais de 30 anos.
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Ele explica que esgoto secundário é a parte que não está em contato com os gases provenientes do coletor público ou fossa séptica, com o resto do material que fica localizado depois das fossas. É esse resto que está caindo na estrutura de drenagem pluvial e nos rios da região do Campeche.
— Educação sanitária é fundamental. Ainda há muita gente que não sabe a diferença entre rede pluvial e esgoto. É preciso investir nisso — alerta ele.