Para um expectador olhando de fora, água, paz e espiritualidade podem parecer não ter nenhuma relação em comum, mas os temas estão intimamente conectados. Pelo menos na visão do líder espiritual Sri Prem Baba, que realizou a palestra de abertura do 22º Simpósio Brasileiro de Recurso Hídricos no domingo, dia 26. Com o tema Ciência e tecnologia da água: inovação e oportunidades para o desenvolvimento sustentável, o evento ocorre até 1º de dezembro em Florianópolis.
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Com uma mensagem que anotou no smartphone enquanto viajava de carro, o guru “pop”, que atrai multidões por onde passa, falou para uma plateia de 700 pessoas:
— Desconhecemos o significado mais profundo da água, e por isso tentamos encontrar soluções apenas técnicas, sem levar em consideração até mesmo elementos pragmáticos como a finitude do elemento água. Como um planeta pode ser sustentável com um consumo infinito? Ao desconsiderarmos esse aspecto tão óbvio, seguimos buscamos outras fontes de recurso. Se a água acaba aqui, eu busco acolá e assim por diante. Mas uma hora essa água vai acabar e por acabar nem sempre significa a secura da fonte, mas falta de recurso para o tratamento dela. Independentemente da razão, o fato é que a água pode ser tornar finita se não formos inteligentes e razoáveis suficientes.
Na visão de Prem Baba, a água é o símbolo dos sentimentos mais profundos dos seres humanos, e tem mostrado categoricamente que não estamos sabendo lidar com ela. Ele acredita que somente por meio do autoconhecimento os homens poderão encontrar as respostas que procuram.
— A água tem ensejado o diálogo, a cooperação, o compartilhamento e a paz. Mas ainda precisamos avançar muito. No nível pessoal, a resposta para os nossos desafios e desconfortos não está no outro ou distante de nós mesmos. Só você pode se transformar e se curar com a ajuda de outros. E no nível impessoal, externo ou coletivo, se o exterior é o reflexo do interior e estamos reproduzindo lá fora a mesma responsabilidade que temos de lidar com os nossos sentimentos aqui dentro, então é certo que seguiremos lá fora nos distanciando da água e buscando cada vez mais longe. Buscando energia elétrica cada vez mais longe, e sem considerar o impacto ambiental e social até que em algum momento pode acontecer a escassez total — disse.
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Prem Baba ainda propôs que as pessoas possam escutar a mensagem das águas, que é a mesma que vem dos sentimentos mais profundos. Assim como se deve aprender a lidar com os sentimentos e encontrar a felicidade dentro de cada um, sugere que é importante também usar a água localmente.
— Para isso, se faz necessário uma mudança de cultura, para que possamos tornar essa proposta factível. Me refiro a plantar água, proteger as nascentes, evitar desperdício, diminuir a produção de lixo, gerar energia limpa e renovável e especialmente relembrar que água tem vida e que precisa ser tratada e respeitada como uma entidade viva, como fazem muito dos povos das tradições antigas que ainda mantém a conexão com o grande espírito.
Segundo ele, essa mudança de cultura envolve uma transformação pessoal que começa com autoconhecimento e envolve a reunião da família, pois sem cooperação e real união não é possível resgatar a sustentabilidade do planeta.
— Essa cultura de paz começa com cada um, cuidando das águas interiores e dos sentimentos negados, cuidando do feminino que te habita — conclui.
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