Os prejuízos com o forte calor e a falta de chuva obrigaram os prefeitos de Agronômica e Agrolândia, no Alto Vale, a decretar situação de emergência nos municípios. Produtores de milho, feijão e leite são os principais afetados.
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Na terça-feira, o coordenador da Defesa Civil de Agronômica, Aires Ribas de Souza, deve encaminhar ao Estado um levantamento sobre as perdas na cidade, que teve situação de emergência decretada no último dia 4 pelo prefeito José Ercolino Menegatti.
De acordo com Souza, a perda na produção da segunda safra de milho é estimada em 80%. Além disso, o fornecimento de água nas casas da área rural também estaria comprometido, como elas não são abastecidas pela Casan, o recurso vem geralmente de poços ou de rios que ficam próximos às propriedades. A criação de gado estaria em pior situação, pois nem todos os produtores contam com ribeirões perto de casa.
– O objetivo da situação de emergência é de ajudar o agricultor que tem financiamento bancário. Com o documento é possível resgatar o seguro, dando uma ajuda a este produtor que com certeza ficará endividado – diz o coordenador.
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Distante 25 quilômetros, Agrolândia também enfrenta situação similar a de Agronômica. O município teve situação de emergência decretada na última quarta-feira. A seca atinge principalmente a área rural. Em alguns poços artesianos usados para o abastecimento a água chegou a secar. Conforme o coordenador da Defesa Civil da cidade, Anderson Paulo Fuechter, a situação é crítica:
– Este quadro só seria revertido caso chovesse, mas as previsões não ajudam muito. Está bastante ruim para quem planta milho e para o produtor de leite.
Ambas defesas civis têm prazo de 10 dias para encaminhar a documentação com o levantamento dos prejuízos para o Estado. A partir da análise da situação é que poderá ser decretado situação de emergência estadual. Até sexta-feira nenhum município catarinense teria encaminhado este tipo de pedido.
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Além do produtor, a quebra na safra do milho também afeta o mercado. A estimativa da
Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil)é de que nos 40 mil hectares de lavouras do grão na região a quebra ultrapasse os 20%, número que pode aumentar se o clima atual se estender até a segunda quinzena do mês, como apontam as previsões. A cooperativa comercializa aproximadamente 50 mil toneladas de milho por ano.
– O problema é que coincidiu o florescimento da planta com o forte calor e a falta de água. Com isso o grão não cresce ou fica muito pequeno, não servindo para a comercialização – explica Moacir Warmling, engenheiro agrônomo da Cravil.
Fim de semana deve ser ainda mais quente
Epagri acompanha situação
Os prejuízos com o clima que levaram Agrolândia e Agronômica a decretar situação de emergência municipais são acompanhados também por técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
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Em todo o Alto Vale, 50% da plantação de milho da segunda temporada está comprometida, segundo a análise do técnico em pesquisa de mercado e safra Saturnino Claudino dos Santos. Ele ainda cita o feijão, que também deve ter metade da produção perdida devido ao excesso de chuva durante a plantação e a seca no período da colheita.
– O que a agricultura precisa é de chuva. Precisaria ter chovido ontem (quinta-feira), tamanha é a necessidade – avalia.
A produção de leite também sofre com a estiagem. Em Presidente Getúlio, considerado a bacia leiteira da região, a queda já chega a 30%. O problema está principalmente no pasto, que ficou seco e sem qualidade. Com isso as vacas se alimentam menos, e por consequência produzem menos.
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