Agricultores em Santa Catarina tiveram prejuízo de R$ 1,6 bilhão com os estragos causados pelas fortes chuvas de outubro. O valor foi divulgado nesta quinta-feira (26) pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e pode aumentar, já que há áreas ainda alagadas, como em Rio do Oeste, no Alto Vale do Itajaí, onde as perdas de propriedades rurais estão sendo contabilizadas.
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— Em várias comunidades, o acesso ainda é restrito, dificultando um levantamento mais preciso — explica o presidente da Epagri, Dirceu Leite.
Os estragos no campo atingiram 49,2 mil propriedades, espalhadas entre 162 municípios catarinenses. A maior parte deles está nas regiões do Alto Vale do Itajaí e do Planalto Norte do Estado.
As lavouras temporárias registraram os maiores danos. São os casos das culturas do fumo, que teve perda estimada em R$ 429 milhões, e da cebola, com prejuízos de cerca de R$ 286,4 milhões.
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Houve ainda perdas com animais, máquinas e equipamentos, horticultura, estoque, leite, pastagem e pomar, além de diversas ocorrências de erosões em lavouras, encostas e estradas.
O órgão de pesquisa e extensão agropecuária deve enviar detalhes do balanço à gestão Jorginho Mello (PL), para viabilizar políticas públicas para recuperar ou amenizar as perdas dos produtores rurais.
Atrasos no calendário rural
As chuvas intensas também causaram atrasos no calendário rural. As culturas de inverno, caso do trigo, precisaram ter a colheita adiada. A mudança pode acarretar em perdas na quantidade e na qualidade dos grãos colhidos, o que, consequentemente, afeta também o bolso dos produtores.
Já as culturas de verão, como a soja e o milho, terão atraso na etapa de semeadura. Além disso, estão sujeitas a um menor crescimento das plantas pela falta de luminosidade.
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Previsão para o final de semana
Além do campo, as áreas urbanas de Santa Catarina também tiveram prejuízo bilionário por conta das chuvas. Na última sexta-feira (20), o governo divulgou que as perdas já haviam passado de R$ 1,19 bilhão.
As autoridades ainda mantêm alerta para eventual aumento dos prejuízos, já que, entre esta sexta (27) e sábado (28), o Estado deve voltar a ter chuva intensa, em maiores volumes do Oeste ao Planalto Norte.
A médio prazo, a previsão do tempo também desperta preocupação para o setor agropecuário. Um relatório recente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que o fenômeno climático El Niño, responsável pelas chuvas intensas no Sul do Brasil, vai durar pelo menos até o primeiro semestre de 2024, o que pode acarretar em mais perdas no campo.
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