A produção de alimentos para o consumo próprio dos agricultores, como hortaliças, queijos, carnes e frutas, entre outros, representa uma economia de R$ 1.351,99 por mês, de acordo com uma pesquisa apresentada nesta quinta-feira na Epagri de Chapecó, durante o II Seminário de Pesquisa Estratégias e Práticas Alimentares de Famílias Agrícolas do Oeste Catarinense.
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Durante a pesquisa "Caracterização da produção de alimentos para autoconsumo na região Oeste Catarinense" foram entrevistadas 381 famílias de 112 municípios do Oeste e Meio-Oeste Catarinense.
Destaca-se que 90% das propriedades tem menos de 50 hectares. As principais fontes de renda eram a bovinocultura de leite, presente em 55% das propriedades, e a aposentadoria, em 54%.
Em todas elas foram identificadas formas de produção para autoconsumo. Entre 80% e 90% produzem carnes, tanto bovina, quanto suína e de aves. O queijo é produzido em 51% das propriedades e, o salame, em 59%. Em 92% há produção de pães.
— Há uma grande variedade também de produção de hortaliças, frutas cítricas, leite, queijos, ovos e a produção de feijão para autoconsumo também é significativa. O cultivo de arroz diminui pela falta de mão-de-obra e fechamento de moinhos nas comunidades — disse o coordenador da pesquisa, o Doutor em Engenharia de Produção e pesquisador do Centro de Pesquisa Para a Agricultura Familiar (Cepaf) da Epagri, Clóvis Dorigon. A pesquisa contou também apoio outros pesquisadores da Epagri e também da Unochapecó.
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A variedade na produção de grãos é pequena e 73% apontaram como motivo a falta de mão de obra.
Outra pesquisa realizada pela Epagri em parceria com a UFSC e que foi apresentada no seminário é “Governança alimentar e práticas das famílias agrícolas: uma abordagem pelos fluxos de provisão de alimentos e a multilocalização familiar”.
Neste caso foram pesquisadas 49 famílias, na região de Chapecó. O objetivo foi identificar a transferência de alimentos de propriedades rurais para familiares que moram na zona urbana. É o caso de filhos que agricultores que vão estudar o trabalhar na cidade e, nos finais de semana, buscam frutas, queijo, embutidos e verduras na casa dos pais. Foi constatado que esse valor é de R$ 350 mensais.
– Geralmente são pessoas que tem salários modestos e por isso essa transferência de alimentos funciona como um vale-alimentação, melhorando a qualidade do que as pessoas consomem. Isso é muito importante do ponto de vista de segurança alimentar – disse Dorigon.
Ele ressaltou que ambas as pesquisas mostram a importância da agricultura familiar como reservatório de biodiversidade, garantia de alimento de qualidade e preservação de conhecimentos tradicionais no processamento de alimentos. Isso demonstra a necessidade de políticas públicas que incentivem esse modelo de produção.
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Dorigon disse que unidades produtivas mais especializadas em um tipo de produto, como produção de carnes, geralmente acabam comprando mais alimentos de fora da propriedade, até pela questão de falta de mão de obra.