Dois meses após uma microexplosão que deixou rastros de destruição em São João do Itaperiú, produtores rurais da cidade ainda se recuperam dos danos causados pelo fenômeno natural. Conforme levantamento da Epagri, o prejuízo aos agricultores foi de R$ 20 milhões.
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O ramo mais afetado foi o da banana, já que a ventania derrubou diversos pés da fruta. Essa quebra do caule obriga o produtor rural a sacrificar a chamada planta-mãe e replantar novas mudas, ou aguardar que as plantas filhas ou netas estejam no ponto de cultivo e deem cachos. Este processo pode demorar de 10 meses a um ano.
No sítio de Jorge Marangoni, quase 50 mil pés de banana foram derrubados. Sem o cultivo, que é a principal fonte de renda da família desde a década de 1960, o produtor busca alternativas para não ficar no vermelho.
— Nós, primeiro, aderimos a linha de crédito, que liberada pelo Banco do Brasil através da Epagri e o Governo do Estado, e também estamos prestando serviço para um produtor amigo nosso, eu e meus funcionários. Trabalhamos um pouco lá e um pouco na minha propriedade pra ter uma fonte de renda pra conseguir manter os custos da propriedade — afirma o trabalhador.
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Para reerguer o sítio, Jorge cortou as plantas que foram derrubadas e jogou pelo bananal, para nutrir o solo. Além disso, seguindo as orientações da Epagri, fazem o trabalho de aplicação de demais fertilizantes e fungicidas.

Ele conta que o cenário ainda está meio bagunçado, mas que aos poucos recuperam o espaço, mas mantém boas expectativas para o futuro.
— A gente tinha os compromissos pra serem honrados, como os de agropecuária. Mas a gente conversou com eles, eles estão estão entendendo a situação. Porque não é só minha, é da nossa microrregião aqui, e as demais a gente vem conversando e vem fazendo conforme pode. Como lá em 2020 fomos afetados e superamos, colocando Deus acima de tudo e na frente, acho que lá na frente vamos ter bons frutos e boas colheitas e, claro, bom retorno financeiro — projeta.
Já Luis Delmonego Neto, tenta uma renda extra com a criação de tilápias enquanto recupera o bananal e reconstrói o galpão para guardar as frutas. Ele destaca que a agricultura é o ramo que segue desde sempre e o que gosta e acredita que, até o fim do ano, consiga recuperar a lavoura.
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— Nós estamos com as tilápias agora pra ver se sobra uma rendinha. Sou eu e mais dois filhos, e estamos sem salário. Se nós estivéssemos trabalhando hoje em firma, nós estávamos no segundo mês de seguro-desemprego, mas estamos no segundo mês sem salário — lamenta.
Epagri orienta produtores para evitar estragos
Adriano Alfred Schultz, engenheiro agrônomo da Epagri, além de nutrir a terra e aplicar pesticidas para evitar pragas na lavoura, a orientação é que os produtores mantenham uma boa adubação das plantas ao longo do ano, para que elas estejam mais fortes, principalmente nos casos de desastres naturais em que os estragos não podem ser previstos.
— Uma planta bem nutrida, em caso de algum tipo de vento não tão forte como aconteceu, ela tem uma certa estrutura pra poder evitar tombamentos. Então, já evita perdas futuras. Outro detalhe que a gente trabalha junto é também a questão de densidade e manejo de plantas, pragas e doenças — destaca.
Além de toda instrução do manejo, Adriano afirma que a Epagri também ajuda os moradores dando dicas de como trabalhar a parte econômica e psicológica, para os as famílias não desistam do ramo, que é a subsistência da maioria das famílias que vive no município.
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— A gente vê a bananicultura com uma cultura muito promissora ainda. Temos que ter essa ciência e ajudar os produtores a ficarem firmes na lavoura.
Relembre o caso
A microexplosão que destruiu a maioria das lavouras em São João do Itaperiú aconteceu no dia 26 de janeiro deste ano. e. Conforme a estação meteorológica da Epagri/Ciram instalada na região, por volta das 16h, o vento atingiu a velocidade máxima de 75 Km/h a 100 Km/h.
Das 158 famílias que produzem banana na região, 70% delas foram afetadas, já que nos 23 hectares de terra, 35 mil pés foram derrubados com a força da ventania.
Além das perdas na lavoura, a microexplosão também destelhou casas, incluindo a Igreja Matriz São João Batista, inaugurada em 1916. Também houve queda de energia elétrica e, por conta do temporal, as aulas chegaram a ser suspensas na cidade, além dos serviços municipais que não funcionaram por 72 horas.
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A tempestade teve início às 15h e durou cerca de 10 minutos. Depois, por volta das 16h, começaram as rajadas de vento que causaram diversos estragos. Segundo a Defesa Civil, o fenômeno climático foi provocado por uma frente fria em alto mar associada a um sistema de baixa pressão no sul do Paraguai, além do fluxo de calor e umidade vindo da região amazônica.
A microexplosão também causou danos na cidade vizinha de Barra Velha. No município, no entanto, as ocorrências foram menores, com apenas uma queda de árvore, destelhamento de casas e de um barracão próximo ao Parque Aquático Gralha Azul.
*Com informações de Walter Quevedo, da NSC TV
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