Oito dias depois do brutal assassinato do jovem Deivid Duarte da Silva, de 20 anos, espancado até a morte em um posto de gasolina em Palhoça, na Grande Florianópolis, a Polícia Civil já reuniu elementos para afirmar que o crime foi premeditado.

Continua depois da publicidade

Em entrevista na noite desta quarta-feira (25) ao NSC Total, o delegado Arthur de Oliveira Lopes, que assumiu o caso, declarou que durante os últimos dias algumas hipóteses acabaram descartadas e detalhes importantes foram esclarecidos pela investigação policial.

— A gente descartou algumas coisas que eram importantes. Em relação à premeditação do crime, houve premeditação. Eles [os agressores] acreditavam que a vítima era o autor do roubo [de um veículo, na noite anterior] e estavam em busca dele — disse o delegado Arthur.

Três homens suspeitos de agredir e matar Deivid foram presos em flagrante ainda no posto de combustíveis, indiciados por homicídio qualificado e continuam presos. No dia seguinte ao crime, que aconteceu na terça-feira (17), a Justiça decretou a prisão preventiva dos suspeitos.

Em depoimento à polícia, o trio afirmou ter agredido Deivid como forma de vingança porque ele teria roubado o carro de um deles na noite anterior.

Continua depois da publicidade

Na tarde desta quarta, a Polícia Civil realizou diligências em Palhoça para localizar mais pessoas envolvidas na agressão, além de testemunhas-chave do crime. As pessoas foram identificadas pelas imagens das câmeras de segurança do posto e agora devem ser ouvidas pela investigação.

Conforme testemunhas disseram à reportagem no dia do crime, pelo menos 10 pessoas teriam agredido Deivid no posto de gasolina.

Apesar de afirmar que os três suspeitos que estão presos são os principais autores pelo crime, a Polícia Civil não descarta a possibilidade de que outras pessoas sejam responsabilizadas.

— Estamos cumprindo diligências complementares à investigação, e também as solicitadas pelo Ministério Público. Estamos trabalhando para identificar as testemunhas que estão no vídeo e também algumas pessoas que chegaram a agredir a vítima de alguma forma — comentou o delegado Arthur de Oliveira Lopes.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, outra investigação apura a suposta participação de Deivid no roubo do carro, registrado em Palhoça na noite de segunda-feira (16), um dia antes do espancamento. Ela está a cargo da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Palhoça e corre em sigilo.

Leia também: "Foi envolvido numa coisa que nunca fez parte", diz parente de jovem morto em Palhoça

Deivid tinha 20 anos e morava com os pais em Palhoça, na Grande Florianópolis
Deivid tinha 20 anos e morava com os pais em Palhoça, na Grande Florianópolis (Foto: Arquivo Pessoal / Reprodução)

Relembre o caso

O jovem Deivid Duarte da Silva, 20 anos, foi espancado até a morte em um posto de gasolina no bairro Aririú, em Palhoça, no começo da tarde do último dia 17 de setembro. As agressões duraram mais de meia hora. De acordo com o Instituto Geral de Perícias (IGP), Deivid morreu por traumatismo craniano.

Inicialmente, testemunhas afirmaram que cerca de 10 pessoas haviam participado das agressões. Alguns presentes teriam tentado impedir o espancamento, mas foram ameaçados pelos autores. Outros, por outro lado, teriam incentivado o espancamento.

Continua depois da publicidade

A Polícia Militar chegou ao local 33 minutos depois de ser acionada. A corporação explicou que a primeira ligação recebida tratava o caso como uma briga. Por isso, a ocorrência não foi considerada de extrema prioridade e entrou para a lista de espera.

Os três suspeitos alegaram à polícia que teria havido revide porque a vítima do linchamento teria participado de um assalto que ocorreu na noite de segunda-feira (16). À PM, disseram que o homem teria dado apoio para dois assaltantes roubarem um veículo Prisma, que pertencia a um motorista de aplicativo. As circunstâncias, no entanto, estão sob investigação da Polícia Civil.

Sobre o assalto na noite anterior às agressões no posto, a PM confirma a ocorrência por volta de 23h46min de segunda. Conforme o registro, um motorista de aplicativo foi acionado para uma corrida no bairro Aririú, em Palhoça, e, no ponto de chegada, "indivíduos em posse de uma arma de fogo anunciaram o roubo".

Leia também: Agressão até a morte em Palhoça: a naturalização da barbárie

O que diz a defesa

Responsável pela defesa dos três suspeitos, o advogado Osvaldo Duncke afirmou que não se manifestará sobre detalhes do inquérito porque ainda não teve acesso ao conteúdo. Ele também afirmou que trabalha para entrar com um pedido de habeas corpus dos três homens até sexta-feira (27).

Continua depois da publicidade

Leia também

Juíza critica suspeitos de agredir e matar homem em Palhoça: "Não se pode vestir-se de juiz"

Jovem é morto a tiros em Palhoça, na Grande Florianópolis

Mulher é presa suspeita de matar o marido na cidade de Palhoça

Ainda não é assinante? Assine e tenha acesso ilimitado ao NSC Total, leia as edições digitais dos jornais e aproveite os descontos do Clube NSC.