O ano de 2019 já superou os número de focos de incêndio de 2018. O último ano fechou com 1.417 registros e até esta terça-feira (10) foram 1.419, de acordo com o monitoramento realizado via satélite pelo Instituto Nacional de Pesquisa (Inpe). O mês de agosto deste ano se encerrou com o maior número focos dos últimos oito anos, chegando a 939 acontecimento, o valor é 12,9% maior que a média histórica dos últimos 21 anos.
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Ao analisar os dados disponibilizados pelo Instituto, nota-se que desde 1998 agosto é o mês em que ocorrem mais casos de incêndio no Estado. O pico do período foi em 2003, quando o número de acontecimentos desse tipo chegou a 2611.
O meteorologista da Epagri/Ciram Clóvis Levien Corrêa explica que tradicionalmente o período de inverno é considerado mais seco no Estado e que isso favorece a propagação do fogo. Ele comenta ainda que agosto é um mês em que normalmente começa a transição entre as estações de inverno e primavera, o que têm como característica uma queda na média de chuvas, deixando a vegetação mais seca. Assim qualquer fagulha irá se alastrar mais rápido.
— É necessário uma combinação de fatores, além do tempo mais seco o vento é fundamental para a propagação das queimadas, com velocidade entre 30 km/h e 40 km/h. Por isso, se torna um facilitador da combustão já que onde tá queimando a fagulha é muito leve. É como quando a gente assopra algo a madeira para tentar iniciar uma fogueira, por exemplo — diz Clóvis
Corrêa também comenta que nesse período os dias também passam a ser mais longos, adicionando outra fonte de calor: o sol. E na situação atual do Estado, onde o Parque Estadual Serra do Tabuleiro possui focos ativos de incêndio desde terça-feira (10) e a cidade de Palhoça chegou a decretar situação de emergência, as condições do tempo são favoráveis para o alastramento do fogo, já que estamos sob a influência de uma massa de ar quente.
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— As massas de ar quente mantém a temperatura do ar mais elevada e faz com que “seque mais”. Isso por que ela deixa a umidade relativa do ar baixa, retira mais água do solo e ao mesmo não devolve, pois não chove — afirma o meteorologista.
Observa-se que nas ocorrências mês a mês deste ano que os focos registrados tiveram um crescimento gradual, atingindo o pico em agosto. Entretanto, com menos de 15 dias de duração setembro não aponta para um cenário positivo. Soma 99 ocorrências e se aproxima da marca registrada no mesmo período do ano passado, quando foram computados 126 pontos.
Risco de fogo é maior no Oeste e Sul nos próximos três dias
O monitoramento realizado pelo Inpe via satélite também aponta onde há risco de fogo nos próximos três dias e de acordo com os dados as regiões mais suscetíveis são o Oeste e o Sul catarinense. Entretanto, o Extremo Oeste é apontado como um local em risco crítico para ocorrência de novos incêndios florestais.

Dois fatores podem contribuir para o alastramento do fogo: a baixa umidade do ar e a onda de calor sobre Santa Catarina. Por isso, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu avisos para esta área do Estado, durante esta quarta-feira (11) a umidade relativa do ar estará baixa variando entre 30% e 20% e além disso, há o aviso para onda de calor que deverá atingir especialmente a divisa com o Paraná. O INMET recomenda a população que beba bastante líquido e evite exposição ao sol nas horas mais quentes do dia.
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