A professora de dança Michele Chaves, 34 anos, parece estar acordando de um pesadelo: há três dias ela perdeu a mãe, agredida com um capacete e assaltada em Balneário Camboriú. Sônia Maria Santiago Chaves, 62 anos, morava no Rio Grande do Sul e estava passando alguns dias com a filha mais nova, que veio para a cidade cursar Direito.
Continua depois da publicidade
Leia mais notícias sobre segurança
Curta a nossa página no Facebook
As duas caminhavam pelo Centro quando Sônia foi atacada por um motociclista. Ela passou cinco dias em coma no Hospital Ruth Cardoso e faleceu na madrugada de sexta-feira. O suspeito de ter cometido o crime também foi preso e reconhecido na sexta.
_ Quando me falaram do assalto, achei que ia encontrar minha mãe só com um corte na cabeça e falando sobre o que aconteceu. No hospital, me disseram que ela estava em coma e que teve traumatismo. Estava entubada numa salinha aguardando um leito na UTI _ desabafa.
Continua depois da publicidade
Michele conta que o assalto ocorreu na segunda-feira passada. A mulher andava pela Rua 2.580, um pouco atrás da filha mais nova, Gabrielle Chaves, 19 anos, por volta das 18h. As duas estavam indo para casa quando um motociclista passou e tentou arrancar a bolsa de Sônia. Michele afirma que a mãe caiu com o puxão dado pelo assaltante.
_ O bandido desceu da moto para pegar a bolsa que caiu no chão e bateu na cabeça da minha mãe com o capacete. Ela não ia reagir, ela só tinha caído com o puxão. Minha irmã ouviu o grito dela e voltou. Deu tempo dela olhar bem para o rosto do assaltante e ver as lágrimas da minha mãe escorrendo. Hoje ela está à base de calmantes e diz que só enxerga isso quando fecha os olhos _ descreve.
Depois do assalto, o suspeito abandonou a bolsa e os documentos na Rua 2.000. Sônia, que era moradora de Uruguaiana (RS) e estava cogitando se mudas para Balneário, foi levada para o Hospital Ruth Cardoso, onde ficou internada até sexta-feira. A mulher teve morte encefálica na madrugada e foi doadora de órgãos: olhos, rins, pulmão e coração.
_ Minha mãe era uma pessoa muito querida, só fazia o bem. Em Uruguaiana foi uma comoção, ela ajuda muita gente, foi diretora do presídio. Seu corpo foi velado na Câmara de Vereadores no domingo e hoje (segunda-feira) está sendo cremado em Santa Rosa (RS) _ conta.
Continua depois da publicidade
Michele diz que preferiu não ir na cremação da mãe e a partir de agora deseja que a justiça seja feita:
_ Tenho medo de tudo, de andar de bicicleta e até do barulho de moto. Queremos que a acusação contra o assaltante seja de latrocínio. Eu não tenho raiva dele, mas cada um tem que carregar a sua cruz e ele precisa carregar a dele.
O principal suspeito do crime, de 18 anos, foi preso na sexta-feira por volta das 16h. O jovem foi detido após cometer um roubo na Rua 980 esquina com a Avenida do Estado. Conforme a Polícia Militar, ele e outro comparsa, não identificado, assaltaram um rapaz de 20 anos. O pai da vítima estava próximo e conseguiu capturar um deles até a chegada da polícia.
Na delegacia, os parentes de Sônia estavam registrando o boletim de ocorrência da morte e reconheceram o assaltante. A PM informou ainda que o suspeito já tinha 14 passagens por roubo, posse de drogas, tráfico, desobediência e furto _ a maioria dos crimes foram cometidos quando ele era menor de idade.
Continua depois da publicidade
O delegado Márcio Colatto, titular da delegacia de Balneário Camboriú, afirma que o inquérito está em andamento. Segundo ele, a filha da vítima fez o reconhecimento do suspeito, que foi autuado em flagrante por roubo e encaminhado ao presídio da Canhanduba. O caso está sendo investigado pelo delegado Alan Pinheiro.
_ Em razão do reconhecimento, o delegado deve pedir a prisão preventiva do suspeito pelo crime de latrocínio _ explica.