A atuação e subsistência do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) estão no tráfico de drogas e de armas, em assaltos, furtos, resgate de presos, prostituição, execução de policiais, de agentes e de quem se opor aos interesses do grupo. A mais nova prática ilegal pode ser definida como agiotagem, ou seja, juros sobre a mensalidade travestida de dízimo – a contribuição financeira de R$ 100 mensais por integrante.
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Os “irmãos” que estão na lista de devedores são obrigados a pagar R$ 2,50 ao dia. Isso representa 75% de juros ao mês.
Este capítulo de intimidação, cobrança e ilicitude narra o caminho sem volta a que detentos e pessoas nas ruas estão sujeitos diante das regras da facção criminosa. É o que revela o Diário Catarinense no segundo dia da série de reportagens A Máfia das Cadeias, que começou a ser publicada nesta sexta-feira e prossegue nos próximos dias, após a análise de 4 mil páginas de documentos durante três meses.
Familiares de presos também são ameaçados para se submeter à vontade dos criminosos, ou com contribuição financeira mensal ou praticando os crimes. Geralmente, o aliciamento é feito pelo preso, que busca num parente, em especial adolescente, que ele se alie e passe a praticar delitos para a organização.
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Para entrar é preciso ter aprovação dos líderes. Nem sempre há unanimidade. A entrada de Fabrício da Rosa, o Fabrício do Horácio, por exemplo, foi aprovada por 98% dos detentos – outros 2% eram inimigos que o rejeitaram pela rivalidade. Fabrício é apontado como um dos gerentes do tráfico no Morro do Horácio, em Florianópolis.
A ele, coube a missão de participar do assassinato da agente penitenciária Deise Alves, em 26 de outubro do ano passado, conforme consta em denúncia do Ministério Público. A polícia tem listas com nomes de pretendentes ao ingresso, que ficam em observação pelo período de um a seis meses antes do batismo pelo PGC.