Treze agentes foram afastados pela Corregedoria da Polícia Militar por envolvimento no caso de um policial que jogou um homem de uma ponte na Zona Sul de São Paulo na segunda-feira (2). O caso foi registrado em vídeo e gerou repercussão entre autoridades.
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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), dois sargentos e onze cabos e soldados foram afastados das ruas e serão ouvidos por envolvimento direto ou indireto no caso.
Eles ficarão afastados das funções até o final das investigações. Todos os 13 agentes pertenciam ao 24° Batalhão da PM, localizado na cidade de Diadema, na Grande São Paulo.
Agora, eles irão cumprir expediente na Corregedoria pelo período em que o comando julgar necessário.
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O que aconteceu
De acordo com investigações iniciais, policiais teriam dado ordem de parada para uma moto que levava duas pessoas. Os ocupantes fugiram e os policiais iniciaram uma perseguição que terminou com a captura da dupla.
Um dos ocupantes da moto foi jogado em um rio por um dos policiais. O outro homem foi levado para a delegacia e é, no momento, a principal testemunha do caso. Ele afirmou aos investigadores que o homem jogado no rio está vivo.
Os integrantes da Corregedoria tentam localizar o homem para poder ouvi-lo. Durante a abordagem, os policiais usavam câmeras corporais, das quais as imagens serão usadas nas investigações.
Até a última atualização desta reportagem, nenhum dos policiais envolvidos teve pedido de prisão expedido.
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Nas imagens reveladas pelo g1 e pela TV Globo na segunda-feira (3) é possível ver um policial levantando uma moto que está no chão, enquanto outros dois policiais se aproximam. O primeiro PM encosta a moto perto da ponte e um quarto agente chega na cena já segurando o homem pela camiseta.
Ele então se aproxima da beirada da ponte e joga o homem, que seria o motociclista abordado, dentro do rio. Segundo a Polícia Militar, os agentes seriam do 24º BPM de Diadema, na Grande São Paulo, e teriam perseguido a moto até a Zona Sul de São Paulo, na Cidade Ademar.
O agente que arremessou o homem no rio é da Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (Rocam). Não há informações sobre o estado de saúde da vítima.
— É algo muito grave e sem qualquer fundamento, nenhuma legalidade. É mais um daqueles e daquelas que ainda acham que a injustiça vai prevalecer. Há uma crença hoje na polícia de São Paulo de que os policiais poderão praticar qualquer atrocidade ou anormalidade por serem policiais e isso vai ficar por isso mesmo — afirmou o ouvidor das polícias, Cláudio Silva, à TV Globo.
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— A gente precisa mudar essa perspectiva porque senão os casos graves vão continuar ocorrendo e, talvez, a tendência seja até piorar — finalizou.
O que dizem as autoridades
Depois do episódio, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se pronunciou em uma rede social. Ele afirmou que o policial militar que “atira pelas costas” ou “chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte” não está à altura de usar farda. O governador disse ainda que o caso será investigado e “rigorosamente” punido.
Já o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), fez críticas ao ocorrido. “Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição”, escreveu.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, emitiu uma nota pública de repúdio à cena, e afirmou que as imagens são “estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis”.
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Ele disse ainda que já designou que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) para as investigações com o intuito de “punir exemplarmente” os envolvidos.
“Estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis! Não há outra forma de classificar as imagens do momento no qual um policial militar atira um homem do alto de uma ponte, nesta segunda-feira. Pelo registro divulgado pela imprensa, fica evidente que o suspeito já estava dominado pelos agentes de segurança, que tinham o dever funcional de conduzi-lo, intacto, a um distrito policial para que a ocorrência fosse lavrada”, disse Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
“Somente dentro dos limites da lei se faz segurança pública, nunca fora deles. Assim, esta Procuradoria-Geral de Justiça determinará, ainda nesta terça-feira (3/12), que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) associe-se ao promotor natural do caso para que o MPSP envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população”, acrescentou.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse em nota que “a Polícia Militar repudia veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos no vídeo mostrado”.
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A secretaria afirmou que “assim que tomou conhecimento das imagens, a PM instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar os fatos e responsabilizar os policiais envolvidos nessa ação inaceitável”.
“Todos os policiais que estavam em serviço na área identificada foram convocados e já estão sendo ouvidos. A instituição reitera seu compromisso com a legalidade, sem tolerar qualquer desvio de conduta”, finaliza o comunicado.
*Com informações de g1
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