Na noite desta terça-feira, 65 ganeses foram encontrados em condições precárias em uma casa no Bairro Jardim Angélica, em Criciúma, no Sul do Estado. A Defesa Civil foi acionada por uma moradora que soube da situação e quis ajudar os africanos, que dividem apenas três colchões e estão sem condições básicas de higiene e moradia, em uma casa de cerca de 70 metros quadrados.

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Segundo a coordenadora da Defesa Civil, Ângela Mello, 15 deles estavam dormindo ao relento e foram levados para a Casa de Passagem de Criciúma.

– Muitos dormem no chão, sentados, encostados nas malas de viagem deles e sem qualquer condição de viver. Eles têm comida, a população solidária começou a ajudar. Mas é um prato de arroz que todo mundo come com a mão, porque não tem talher, não tem nada. No básico estamos tentando ajudá-los, para pelo menos eles terem um teto sobre a cabeça e dormirem um sono tranquilo – relatou a coordenadora.

Apenas um deles, conhecido como Adam, fala português. Ele vive no Brasil há dois anos. Quanto a documentação, eles têm apenas Cadastro de Pessoa Física (CPF). Dos 65, dois conseguiram tirar carteira de trabalho.

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A coordenadora de proteção especial da Secretaria Social, Mariane Peruchi, informa que eles foram encaminhados para a Polícia Federal para regularizar os documentos. Por enquanto, todos têm visto de refúgio, renovado a cada seis meses, política adotada pelo Brasil para receber refugiados de países em guerra.

– Nós vamos fazer uma reunião amanhã (quinta-feira) com órgãos da saúde, órgãos da defesa racial, nós da Secretaria Social, Polícial Federal para elaborar uma estratégia do que será feito daqui pra frente para lidar com eles. Até então chegavam um, dois, três. Mas eles começaram a chegar e não passar por nós. Foi assim que aconteceu a situação desses 65 – disse.

Mariane acredita que pelo menos 200 africanos vivem em Criciúma hoje. Em contato com a Secretaria do Estado, a coordenadora debateu a necessidade de estabelecer políticas para lidar com a chegada dos estrangeiros, que se instalam em grande número em outras regiões do Estado e do país, como São Paulo e Acre.

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– É uma demanda que ninguém esperava. A gente sabia que eles viriam, mas não nessa proporção. Vamos fazer esse atendimento emergencial e depois encaminhar para que eles possam assumir a responsabilidade deles aqui no Brasil – concluiu.