Os deputados do partido de esquerda radical Combatentes da Liberdade Econômica (EFF) abandonaram o Parlamento sul-africano nesta quinta-feira, durante o discurso sobre o estado da nação do presidente Jacob Zuma, após tumultuarem a sessão por mais de uma hora.

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Nas ruas, a tensão começou a subir pelo menos duras horas antes com a Polícia tentando dispersar manifestantes com bombas de efeito moral.

Os parlamentares se retiraram da Casa ao gritos de “Zupta deve cair”, um jogo de palavras que remonta aos estreitos laços entre o chefe de Estado e os Gupta, uma riquíssima família indiana suspeita de ter grande influência em seu governo.

“Zuma não merece o respeito de ninguém. Ele nos roubou, ele corrompeu a economia da África do Sul, ele transformou este país em piada”, atacou o líder do EFF, Julius Malema, ignorando os apelos de calma feitos pelo presidente da Câmara, Baleka Mbete.

Por uma hora, os deputados do EFF interromperam o discurso, ignorando também os pedidos de ordem e a intimação e Mbete para que deixassem o local.

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“Nós não o reconhecemos como nosso presidente. Não é nosso presidente”, concluiu Malema, antes de, finalmente, retirar-se do recinto acompanhado de seus correligionários.

O choque entre policiais e manifestantes do EFF começou pelo menos duas horas antes da intervenção do presidente Zuma. Barreiras de proteção já haviam sido instaladas em várias ruas próximas do Parlamento para evitar protestos contra o chefe de Estado.

Jacob Zuma está na mira dos ataques da oposição na Assembleia, na Justiça e nas ruas. A cada dia aumenta a pressão para que ele deixe a Presidência.

Um caso de abuso de bens sociais – o escândalo Nkandla, nome de sua residência privada – e as repercussões econômicas catastróficas da destituição de dois ministros das Finanças em dezembro de 2015 alimentam há semanas a campanha “Zuma tem de cair” (#ZumaMustFall).

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A Aliança Democrática (DA, liberal), principal partido da oposição, comprometeu-se a não interromper o discurso, mas anunciou que pedirá a Zuma que entregue o cargo.

“O melhor anúncio que o presidente Zuma poderia fazer em seu discurso sobre o estado da nação esta noite seria o de sua renúncia”, declarou mais cedo o chefe da DA, Mmusi Maimane, em uma nota.

Jacob Zuma “vai de um escândalo a outro para se proteger e proteger seus assistentes (…) enquanto nosso país está à beira da crise econômica”, acrescentou o comunicado.

Momento importante da vida política sul-africana, este discurso sobre o estado da nação acontece dois dias depois de uma audiência da Corte Constitucional em uma ação apresentada pela oposição no “caso Nkandla”.

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