Cerca de 30 pessoas morreram e 60 ficaram feridas nesta terça-feira em um atentado suicida dentro de uma mesquita xiita de Herat, oeste do Afeganistão, um dia após um ataque contra a embaixada do Iraque em Cabul, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).

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Esta ação ainda não foi reivindicada. Há um ano, o EI atacou em várias ocasiões grupos e mesquitas xiitas, minoria no Afeganistão.

Os talibãs negaram toda a responsabilidade em sua conta do Twitter e em uma mensagem de WhatsApp enviada à AFP.

“O balanço chega a 29 mortos e 63 feridos, alguns deles em estado crítico”, indicou à AFP o porta-voz do hospital regional, Rafiq Shirzai. “O balanço ainda pode aumentar”, disse.

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Um correspondente da AFP presente no local viu “muitos corpos” dentro da mesquita, o que faz temer que o balanço de vítimas seja muito maior. O jornalista disse que viu “partes dispersas de corpos, poças de sangue, pessoas gritando, chorando…”, antes que a polícia ordenasse a sua saída.

Em várias fotos podia-se ver uma multidão amontoada no serviço de emergência do hospital à espera de notícias sobre parentes ou se oferecendo para doar sangue.

Enquanto isso, muitos outros se aglomeravam nas portas da mesquita, cujo interior parece ter ficado muito danificado.

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De acordo com o porta-voz da polícia de Herat, Abdul Ahad Walizada, “participaram [do atentado] dois terroristas, um deles com um colete explosivo, que o detonou, enquanto o outro estava armado”.

“Os dois morreram”, indicou, sem detalhar como faleceu o segundo agressor.

“Por volta das 20H00 (12H30 de Brasília) ocorreu o ataque terrorista”, explicou à AFP Walizada, que informou “que foram enviadas forças de segurança” ao bairro da mesquita.

“Uma explosão aconteceu na porta da mesquita Jawadya”, anunciou à AFP o porta-voz do Ministério do Interior, Najib Danish.

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O ataque aconteceu um dia depois de outro atentado realizado por quatro agressores contra a embaixada do Iraque em Cabul, que matou duas pessoas, membros da equipe afegã do complexo.

O órgão de propaganda do grupo extremista EI, Amaq, reivindicou a operação.

– “Compensar a derrota” –

Este foi o primeiro ataque contra a embaixada do Iraque em Cabul, depois de vários atentados contra outras missões diplomáticas estrangeiras.

O governo afegão condenou em comunicado o atentado de Herat e chamou “os afegãos e os responsáveis religiosos a se rebelar, unidos, contra a barbárie dos terroristas”.

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“Os terroristas não podem semear o sectarismo entre nosso povo”, acrescentou o presidente do país, Ashraf Ghani.

Estas ofensivas também ocorrem em um momento em que o EI retrocede no Iraque e na Síria.

O grupo sunita apareceu no leste do Afeganistão com o objetivo de fundar o “emirado de Khorasan”, antigo nome da região, no início de 2015. Agora avança para o norte do país apesar dos ataques aéreos americanos contra suas posições.

Segundo um analista afegão com base em Cabul, “este ataque demonstrou que o EI é uma verdadeira ameaça no Afeganistão”.

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“Para compensar a sua derrota no Iraque, o EI e os seus partidários […] realizaram o ataque contra a embaixada do Iraque: é fácil atacar objetivos fracos no Afeganistão”, indicou nesta terça-feira Jawed Johistani, contactado pela AFP.

Segundo uma fonte de Segurança que não quis ser identificada, “o EI pode se tornar mais perigoso do que os talibãs no Afeganistão”.

O grupo reivindicou violentos atentados no coração de Cabul no último ano. O primeiro deles, em 23 de julho de 2016, deixou 84 mortos e 300 feridos entre a minoria xiita afegã.

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* AFP