Há exatos 40 anos, Joinville inaugurava seu primeiro aeroporto, chamado na época de Terminal de Passageiros do Cubatão. Hoje, a antiga estrutura não existe mais. No final da década de 1990, foi demolida para dar lugar a um novo espaço. A disposição da estrutura mudou totalmente a cara do aeroporto. Onde está o atual pátio de aeronaves, por exemplo, ficava o velho prédio.
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Os números também mudaram bastante. Em 1973, primeiro ano do qual se tem dados sobre movimentação, 9.291 passageiros passaram pelo aeroporto. Apenas no primeiro semestre deste ano, foram 219.627, número que corresponde a quase 24 vezes a quantidade de 1973.
Agora, o desafio é recontar uma história que estava escondida em caixas de arquivos, fitas VHS e dezenas de álbuns de fotos. A tarefa, liderada pelo superintendente do Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola, Rones Heidemann, tem rendido boas histórias e lembranças de uma época em que voar era privilégio de poucos e o pouso de aviões virava um evento na cidade.
– Começamos a mexer no arquivo morto do aeroporto e acabamos tendo boas surpresas. Estamos tentando recontar a história do terminal, sua relação com os joinvilenses. E agora, com 40 anos desde a inauguração, temos a oportunidade de começar a mostrar isso, ainda mais porque o aeroporto está vivendo um momento único, que pode ser um divisor de águas para o seu funcionamento -, explica.
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Além das fotografias e papéis já encontrados, Rones procura outros elementos que simbolizem o antigo terminal. É o caso da placa de inauguração incrustada em uma pedra, achada por acaso pelos funcionários que faziam um aterro no final da pista. Ao lado da pedra está o totem da antiga praça Santos Dumont, que servia de base para o busto do pai da aviação.
– A próxima missão é encontrar esse busto. Ninguém sabe o que aconteceu com ele -, diz.
POUSO VIROU FESTA
Joinville comemorava 131 anos em 9 de março de 1982 quando cerca de 30 mil pessoas lotaram o terminal de passageiros e a praça Santos Dumont. Todos queriam ver o primeiro jato a pousar em Joinville.
Era um Boeing 737-200, com capacidade para 116 passageiros, que começava a ser usado na rota entre Congonhas, Joinville e Navegantes e que acabou se tornando um dos maiores marcos do aeroporto.
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– Minha irmã não quis me trazer para ver o jato nesse dia, mas era tanta gente que a vinda do jato quase parou a cidade. Essa linha se tornou uma das mais tradicionais do aeroporto, sendo feita durante mais de dez anos -, relembra Rones.
O FUTURO
Todas as expectativas para o futuro do aeroporto se resumem em três letras: ILS. Por enquanto, a Infraero faz as obras necessárias para a instalação do equipamento, que auxilia no pouso de aeronaves em dias de baixa visibilidade.
A previsão é de que as obras terminem até o final do ano. Passado o período de instalação, o superintendente do aeroporto, Rones Heidemann, acredita que será possível diminuir o número de cancelamentos e aumentar o número de passageiros que passam pelo terminal.
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ACIDENTES
Pelo menos três acidentes marcaram os 40 anos do aeroporto. Um deles foi em 17 de agosto de 1977. Uma aeronave Samurai, da Cruzeiro do Sul, trazia 43 pessoas de São Paulo quando teve dificuldades para aterrissar.
O avião atravessou a pista e afundou parcialmente no Rio Cubatão. Ninguém ficou ferido. Em 13 de setembro de 1996, duas pessoas morreram quando um avião Bandeirantes se chocou contra o morro da Pedra, em São Francisco do Sul.
Já em 1998, o avião que trazia o empresário Harold Nielson, presidente da Busscar Ônibus, caiu no morro do Caju, em São Francisco do Sul. O piloto Paulo Duleba e seu filho também morreram.
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PRIMEIRAS A CHEGAR
O aeroporto é só silêncio quando a agente de proteção Cristiana Paradella chega. Responsável pelo funcionamento dos aparelhos de raio X da sala de tripulantes, funcionários e auxiliares de voos, ela bate o ponto às 4h30, quando a única pessoa no terminal é o vigilante que fica por ali durante a madrugada.
Funcionária há 12 anos, ela diz já estar acostumada com a rotina de acordar às 3 horas.
– O aeroporto foi meu primeiro emprego. É muito tranquilo trabalhar aqui -, diz.
Sua colega, Maria Helena José dos Reis, é outra das que chegam cedo ao aeroporto, às 5 horas, e conta a melhor vantagem do trabalho:
– A gente conhece muita celebridade.
FÃ DO AEROPORTO
A relação do paraquedista e promotor de eventos Ricardo Luiz com o Aeroporto de Joinville é quase familiar. Ele tinha dez anos quando, em meados da década de 1980, foi pela primeira vez ao local.
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– Ia com meu padrasto, que trabalhava lá. Até faltava na aula escondido da minha mãe para poder passar o dia vendo os aviões -, relembra.
A paixão pela aviação acabou virando uma atividade permanente em sua vida. Na década de 90, fez um curso de paraquedismo. Do dia do seu primeiro salto, em agosto de 1995, até hoje, como integrante do A eroclube de Joinville, ele faz da paixão pela aviação uma constante em sua vida.
– Vivi uma época muito legal no aeroporto.
ÚLTIMOS A SAIR
O fato de trabalharem até pouco depois das 23 horas e de serem os últimos funcionários a deixarem o aeroporto não incomoda o trio de controladores de voo José Walter Tarrago, Hernani Machado de Carvalho Neto e Diego Carlos Delmonte.
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Do alto da torre, eles são responsáveis por um trabalho que demanda muita concentração e agilidade.
– Nossa função básica é separar as aeronaves que chegam e as que saem do aeroporto até determinado ponto -, explica Tarrago.
Os três contam que o turno costuma ser tranquilo, com um único pico de fluxo, por volta das 18h, quando há coincidência de pelo menos dois voos. O ritmo acelera nos fins de semana.