Entre assessores e pares políticos, o candidato Aécio Neves (PSDB) é visto como um gestor participativo, mas não centralizador. Vaidoso e romântico – embora não presenteie flores porque “dão azar”-, o ex-governador mineiro (2003 a 2010) é admirado pela forma amável com que se dirige aos subalternos.
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O deputado federal Bruno Araújo (PSDB) garante que o presidenciável tucano “exerce autoridade”, mas que “todos na equipe nutrem afeição pessoal pelo estilo de tratar”. Para Aloysio Nunes (PSDB), candidato a vicepresidente, Aécio “sabe delegar, sempre mantendo o controle estratégico”. Contudo, o perfil pessoal do presidente nacional do PSDB não é visto de forma unânime. Na opinião do deputado esta-
dual mineiro Ulysses Gomes (PT), líder do bloco de oposição Minas Sem Censura, Aécio fez no Estado “um governo totalmente centralizador”, um estilo seguido por Antonio Anastasia, seu ex-vice e sucessor, eleito no primeiro turno em 2010 com 62,7% dos votos, catapultado pelos altos índices de aprovação do ex-chefe.
– Não houve diálogo com os servidores, o que contradiz o discurso democrático dele. É um governo que até hoje não sentou com os professores para dar uma resposta por não pagar o piso nacional – diz Gomes.
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Como todos os temas que colocam PSDB e PT em trincheiras opostas, a gestão de Aécio é motivo de acaloradas discussões. Entre 2003 e 2013, o governo tucano celebrou conquistas como o aumento de 76% nas equipes de atenção primária em saúde, a alta de 138% no número de viaturas policiais, o salto de 765% nas vagas prisionais e o crescimento de 48% nas rodovias pavimentadas.
Para a oposição, porém, a gestão de Aécio não merece ser celebrada. Os rivais culpam o PSDB por Minas ser o segundo Estado mais endividado com a União (R$ 76,7 bilhões), só atrás de São Paulo (R$ 183,3 bilhões) e à frente do Rio Grande do Sul (R$ 56,9 bilhões). Além da suposta maquiagem de dados de segurança, educação e mortalidade infantil, pintando uma Minas Gerais mais colorida do que a real, opositores criticam a falta de investimentos mínimos de 12% do orçamento em saúde e de 25% em educação, estabelecidos pela Constituição. Na segurança, citam a redução do contingente em 8 mil PMs.
Mas, afinal, quais são os méritos e os deméritos de Aécio? Secretária de Planejamento e Gestão desde 2003, Renata Vilhena derrete-se em elogios ao “choque de gestão” tucano. No primeiro ano de Aécio no governo, o déficit anual do Estado era de R$ 2,4 bilhões. Dois anos depois, com controle das contas públicas e métodos de gestão da iniciativa privada, o balanço já estava no azul.
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– Há confusão e até oportunismo. A dívida com o governo federal está crescendo. Não só para Minas, mas para todos os Estados, devido ao indicador de correção. Já pagamos o dobro do que pegamos emprestado e hoje devemos o triplo – diz Renata, sobre o fato de o governo ficar devendo R$ 14,8 bilhões à União em 1998, ter pago R$ 29 bi entre 1998 e 2013 e ainda ter um débito de R$ 67,5 bi.
Ferrenho opositor, o deputado Rogério Correia (PT) afirma que Aécio não apresentou projeto de desenvolvimento para o Estado e acusa o tucano de cometer erros acobertados pela imprensa:
– Via PAC, não interessava a ele fazer o metrô, pois não viria dinheiro para seus amigos. Mas aqui em Minas só se pode falar bem dele. Está tudo dominado.
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Apesar das críticas dos opositores, o vice na chapa presidencial, Aloysio Nunes, garante que, graças aos dois mandatos de governador e à convivência profissional de quatro anos com o avô Tancredo Neves, Aécio – que já foi surfista, motociclista, mochileiro e centroavante no time de parlamentares constituintes em que Lula era zagueiro – tem a apresentar “um estilo administrativo de sucesso”.
– Tudo isso é um doutorado em gestão pública – aposta Nunes.
COMO ELE É
Relações interpessoais
Tem perfil de dar atenção e depositar confiança nos profissionais de sua equipe de trabalho.
Pulso firme
Embora trate a equipe com carinho e simpatia, costuma ser duro na cobrança de resultados.
Controle na medida certa
Toma as decisões principais, mas delega outras e acompanha o cumprimento das metas.
Influência sobre a imprensa
Segundo opositores, as relações de Aécio com a imprensa mineira permitem pressões paras que notícias negativas não sejam divulgadas.
Ajuste x avanço
Apesar da preocupação com o equilíbrio das contas, seu governo não se destacou por promover ações de crescimento econômico em Minas Gerais.
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Marketing excessivo
De acordo com a oposição, as ações nesta área fazem os resultados do governo parecerem melhores do que, de fato, seriam.