No início da tarde desta segunda-feira (9), o advogado Cristiano Zanin Martins, que coordena a defesa de Lula nos processos da Operação Lava-Jato, fez uma visita de rotina ao ex-presidente ao lado do advogado do PT, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão. Ambos disseram que Lula estava com o “semblante sereno”, mas que não acreditava na soltura determinada pelo TRF4 no domingo – e revogada 12 horas depois pelo próprio tribunal.
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Os advogados fizeram críticas à Justiça e ao juiz Sérgio Moro, que mesmo em férias expediu despacho em que considerava o desembargador do TRF4 Rogério Favreto sem competência para emitir decisão sobre o caso. O pedido de habeas corpus para libertação do presidente partiu de parlamentares do PT, que solicitavam a soltura para que Lula pudesse participar de eventos relacionados à pré-campanha eleitoral.
— Estive agora com o presidente Lula e ele me disse: “Eu nem sairia de Curitiba, eu esperaria aqui esperando o que iriam decidir a meu respeito, porque eu sabia que isso não iria longe”. Eles meteram os pés pelas mãos. Com esse desespero de ver Lula solto, eles subverteram todas as normas processuais, todas as regras de competência de jurisdição, quando poderiam na tranquilidade, no dia seguinte: desfaz o ato, prende novamente e, pronto, agora vamos discutir a questão em todos os seus termos dentro do rito processual normal. Não, simplesmente tumultuaram e jogaram lama no judiciário brasileiro — critica Aragão.
Os bastidores do pedido para liberar Lula da prisão
Advogado de Lula, Cristiano Zanin ressaltou que o pedido de habeas corpus partiu de parlamentares do PT, visando a libertação para participação em eventos de pré-candidatura, e não dos advogados de defesa criminal do ex-presidente. Por essa razão, os próximos passos quanto ao imbróglio do fim de semana no TRF4 devem partir dos advogados dos parlamentares.
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Zanin afirmou ainda que, da parte criminal, a defesa aposta no recurso especial que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o recurso extraordinário no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a condenação do ex-presidente.
— Causou grande perplexidade a ele e a todos que acompanharam o fato da decisão proferida por um desembargador federal que concedia a liberdade ao ex-presidente Lula não ter sido cumprida em razão da intervenção direta do juiz Sergio Moro, que chegou a determinar que a decisão não fosse cumprida. Isso é incompatível com a hierarquia do sistema judiciário. Esse fato chamou a atenção do ex-presidente Lula. Ele está consciente de que a verdade vai prevalecer e espera que isso aconteça num futuro próximo. Tem absoluta tranquilidade de que a sentença vai ser revertida por uma razão simples: não praticou nenhum crime — frisa Zanin.
Delegados da PF mantém silêncio sobre reviravoltas judiciais
Na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, os agentes preferem manter silêncio quanto ao bate-rebate dos seis despachos expedidos em menos de 12 horas no TRF4 no domingo, ora liberando Lula, ora mantendo-o preso.
Segundo o chefe da Comunicação da PF do Paraná, Paulo Roberto Gomes da Silva, a rotina no atendimento ao público — de expedição de passaportes e atendimento a estrangeiros — e nas diligências da unidade não foi alterada.
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