A Polícia Civil de Joinville está certa de que o golpe que tem como principal suspeito o empresário Marcos Antônio de Queiroz foi premeditado e é um dos maiores da história de Joinville. Segundo estimativa feita na tarde desta sexta-feira, o valor do prejuízo dos clientes e funcionários do grupo Queiroz pode chegar a R$ 10 milhões.

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– É um dos maiores, com certeza. Estou há 24 anos e não lembro de algo assim – disse Zulmar Valverde, um dos cinco delegados que trabalham na investigação e nos inquéritos. Quatro deles participaram de uma entrevista coletiva ontem à tarde e disseram que as seis horas de depoimento de Queiroz, no Presídio Regional de Joinville, reforçaram a tese de que foi um golpe premeditado.

De acordo com a polícia, há mais de 600 vítimas, contando com os donos de materiais de construção. Ao todo, foram vendidos 324 apartamentos.

– Ele confessou que vendeu os imóveis, os empreendimentos, sem as licenças que eram necessárias. Ele não tinha os alvarás e tinha consciência de tudo. Isso já é um indício de dolo, de má intenção da parte dele – disse o delegado Fábio Fortes.

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De acordo com a polícia, durante o depoimento, o empresário disse que a responsabilidade por todo o prejuízo se deve à ação dos empregados e à burocracia dos órgãos públicos. Também teria dito que é uma prática comum começar a vender terrenos e imóveis sem os alvarás para a construção – o que a polícia nega.

– Como vou vender algo que eu nem sei se vou ter autorização para vender? – perguntou o delegado Adriano Boni.

Sem falar abertamente sobre os rumos da investigação, os delegados deixaram claro que devem ouvir todos os funcionários e clientes nos próximos dias. A expectativa é de que a primeira parte do trabalho fique pronta em dez dias.

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O empresário foi preso em Indaiatuba (SP) na última terça-feira, 20 dias depois de ter sumido de Joinville, deixando sem resposta clientes e funcionários.

Ele responde a três inquéritos policiais por estelionato contra centenas de pessoas que compraram apartamentos de seis empreendimentos na planta.

Embora seja sócia de Marcos Queiroz na empresa criada em Joinville, a mulher dele não é considerada foragida pela Justiça. O mandado de prisão preventiva assinado pelo juiz da 4ª Vara Criminal de Joinville, juiz César Otávio Scirea Tesseroli ainda na terça-feira, diz respeito apenas ao empresário.

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A defesa

Os advogados Fernando Sérgio de Camargo Blank e Tiago Bertaci dos Santos acompanharam todo o depoimento e já fizeram um pedido de liberdade para o empresário Marcos Queiroz. A expectativa deles é de que a mulher e os sogros do empresário façam contato durante o fim de semana para que uma estratégia de defesa possa ser montada.

– Estamos aguardando o contato dos familiares dele para a gente dar sequência nos trabalhos – disse Bertaci.

Eles evitaram falar sobre o conteúdo do depoimento, mas orientaram o empresário a colaborar com a Polícia Civil e a Justiça de Joinvile.

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– Foi um depoimento bastante longo. Agora, vamos esperar. Não tivemos acesso a nenhum dos autos ainda – concluiu.

O golpe, na versão da Polícia Civil

O esquema

1) Marcos Queiroz abriu três empresas em Joinville, com sócios e com a mulher.

2) Segundo a Polícia, foram contratadas pessoas que não tinham afinidade com o ramo de negócio.

3) Pelo menos seis pessoas teriam sido usadas como laranjas. Essas pessoas, mais próximas, eram usadas em praticamente todos os negócios do grupo.

4) Essas pessoas abriam contas bancárias e emprestavam seus nomes, cartões de crédito e talões de cheque para que Queiroz usasse nos pagamentos.

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5) Ao comprar carros, por exemplo, ele passava o veículo direto para o nome desses laranjas e, depois, revendia, recebendo geralmente em dinheiro. O resultado das vendas ficava com ele.