O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, um dos defensores de Julian Assange, solicitou à Suécia que reconheça o parecer de um comitê da ONU que afirma que o fundador do WikiLeaks, refugiado há quatro anos na embaixada do Equador em Londres, está “detido arbitrariamente”.
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“Estamos tratando de que a justiça sueca reconheça a dita resolução e a vinculação da mesma”, disse Garzón, coordenador da equipe legal que defende Assange, nesta terça-feira em coletiva de imprensa em Quito.
Um comitê da ONU sustenta que Assange, que se refugiou na embaixada equatoriana em Londres para evitar um mandado de prisão europeu emitido pela justiça sueca por supostos crimes sexuais, foi “detido arbitrariamente” pela Suécia e pelo Reino Unido.
Em um parecer, os cinco especialistas independentes do grupo de trabalho das Nações Unidas sobre a prisão arbitrária também solicitaram às autoridades de ambas nações que ponham fim à detenção do fundador do WikiLeaks e respeitem seu direito de receber uma compensação.
“Não foi assim. Era previsível que não fosse assim”, assinalou Garzón, que falou em coletiva em Quito em razão dos quatro anos que Assange está refugiado na embaixada do Equador na capital britânica.
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O ex-juiz apontou que o parecer do comitê da ONU é vinculante, e que também deve ser acatado pelo Reino Unido.
Tanto Londres como Estocolmo rejeitaram a recente sentença dada pela ONU. Os britânicos recordaram que estavam sendo obrigados a executar o mandato de prisão europeu. Os suecos, por sua vez, disseram que estavam “em desacordo” com o grupo de especialistas da ONU.
Assange está há quatro anos na embaixada do Equador em Londres para evitar sua extradição à Suécia por supostos crimes sexuais, que ele nega.
Assegura que o pedido sueco é uma manobra para ser entregue aos Estados Unidos, onde teme ser condenado por ter filtrado em 2010 através do WikiLeaks cerca de 500.000 documentos confidenciais sobre o Iraque e Afeganistão, além dos 250.000 comunicados diplomáticos que constrangeram Washington.
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Dois meses depois de se refugiar, Quito outorgou asilo diplomático ao australiano, que agora está com 44 anos, mas não conseguiu que Londres conferisse salvo-conduto para poder abandonar a embaixada.
* AFP